Cenário da tragédia de maior repercussão na região em 2008, o Jardim Santo André reúne elementos de sobra para ser considerado um local perigoso. Dono do pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Santo André - 0,766, contra 0,906 registrado na área central -, o bairro soma 30 mil pessoas. Boa parte delas em condição de risco social, causado pela baixa escolaridade, falta de equipamentos de lazer e contato direto com a violência. A região também soma os piores índices criminais do Grande ABC.

O IDH é um termo internacional usado para medir a qualidade de vida das pessoas. O índice vai de zero a um e leva em conta a longevidade da população, além de avaliar a educação e a renda per capita e familiar de uma localidade. Dados do censo da Prefeitura mostram que a situação enfrentada pelos moradores do Jardim Santo André é oposta à registrada no Centro ou em São Caetano, que tem IDH de 0,919.

Para quem mora no principal cordão de pobreza da cidade, a realidade beira o abandono. Ruas sujas, vias sem infra-estrutura e pontos de tráfico espalhados pela vielas que partem dos prédios da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), o grande símbolo do bairro. Depois de anos de reclamação, a Prefeitura inaugurou, em 2006, um Cesa (Centro Educacional de Santo André) na região.

"O equipamento é importante para que os jovens tenham mais opções de atividades, além da escola normal. Com educação, aumentamos as chances do primeiro emprego. Isso é extremamente importante, já que os moradores daquela área são jovens. Esse fator também explica a taxa de desemprego e a renda per capita, de R$ 297", diz o diretor do Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Prefeitura, Sérgio Vital.

Entre os adultos, porém, dois indicadores explicam o cenário de miséria: a taxa de escolaridade - 34% estudaram, no máximo, quatro anos -, e o percentual de pessoas sem renda: 37,6%. Para Vital, o próximo censo deve mostrar diferenças. "Acreditamos que, em 2010, os indicadores do Jardim Santo André estarão melhores. O bairro está passando por um processo de reurbanização, comandado pelo Estado, e de inclusão social, feito pela Prefeitura. Temos lá o Família Andreense, uma espécie de renda mínima aos mais necessitados."