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Loteria é sorte, enquanto
poupança é dinheiro certo
Por Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
22/10/2011 | 07:18
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A Mega-Sena está mais uma vez acumulada e o prêmio de R$ 23 milhões será sorteado hoje, após as 19h. A bolada alimenta a esperança de muitos brasileiros, como é o caso da dona de casa Aida Irene Bertoni, 60 anos, que mora em Santo André e gasta, em média, R$ 150 por semana com as apostas. Aida, que joga há pelo menos 35 anos, já escolheu os números para o jogo de hoje e tem planos, caso seja a ganhadora da fortuna. "Reformaria minha casa e compraria um carro melhor, mas aplicaria o restante do dinheiro e continuaria vivendo minha vida."

Além de pequenos valores, entre R$ 100 e R$ 200, a dona de casa já embolsou prêmios mais gordos. No ano passado recebeu R$ 13 mil que foram gastos com o inventário de uma casa da família. Neste ano, foram mais R$ 1.000 que estão na poupança. "O que não posso é me queixar da sorte", comenta a apostadora. Quem acertar os seis números sorteados leva a grana.

APOSTA - O jogador pode apostar entre seis e 15 números. Quanto mais números, maiores são as chances de ganhar, no entanto, maior será o preço pago pela aposta. Quem escolhe seis números, por exemplo, desembolsa R$ 2. Os que optarem por 15 números, o custo sobe para R$ 10,010 mil. "Não é comum jogar com essa quantidade de números, já que o preço é elevado e não existe garantia de ganho", afirma o gerente regional de canais da Caixa, Fabio Secomandi.

SORTE - Apesar da sensação boa que os jogadores têm ao apostar nos números, a sorte é o único fator que pode garantir um prêmio. No próprio verso do cartão, onde o apostador marca os seus números preferidos, há um texto que mostra que ao fazer a aposta de seis números, as chances de acertar são de uma em 50 milhões.

DISCIPLINA - Assim como ganhar na loteria é uma questão de sorte, acumular patrimônio no longo prazo, por meio de investimentos, é simplesmente uma questão de disciplina.

O professor de Finanças da Fipecafi Mário Amigo fez um cálculo que mostra quanto seria possível acumular, caso o dinheiro destinado à compra de jogos fosse aplicado na poupança. Se em vez de apostar R$ 150 por semana, a jogadora depositasse o dinheiro na caderneta, ao fim de 20 meses acumularia R$ 13 mil. A rentabilidade média considerada na simulação foi de 7,3% ao ano.

Quem gasta menos com os jogos, R$ 10 por semana, em três anos acumularia R$ 1.600. O dinheiro é suficiente para passar cinco dias em Buenos Aires, na Argentina. Se o prazo fosse estendido para dez anos, o valor economizado subiria para R$ 21 mil. Dá para pagar 80% de um carro zero-quilômetro no valor de R$ 25 mil. "A loteria pode ser uma opção de entretenimento mas, do ponto de vista financeiro, a probabilidade de ganho é muito pequena em relação ao valor desembolsado", explica Amigo da Fipecafi.

Para que os R$ 10 gastos por semana, na lotérica, valessem a pena, durante um ano, por exemplo, o apostador precisaria ganhar em prêmios mais do que os R$ 480 gastos nos 12 meses para apostar.

 

Novelas despertam novos apostadores

Mesmo que as chances de levar o dinheiro para casa sejam pequenas, as pessoas apostam cada vez mais nos números. A gerente de uma lotérica localizada em Santo André Sivanil Mantoani viu as vendas dos jogos da Mega-Sena subir 6% desde o início de outubro até agora.

Ela percebeu a chegada de clientes novos, que nunca tinham apostado nos jogos lotéricos, com dúvidas sobre como apostar pela primeira vez. "A procura aumentou principalmente por conta da personagem Griselda (interpretada pela atriz Lília Cabral), da novela Fina Estampa, que ganhou na mega-sena e motivou mais gente a jogar", justifica Sivanil. Outras novelas também estão tratando do assunto, como a também global Aquele Beijo e Vidas em Jogo, exibida na Record.

Sivanil diz que pelo menos 2.700 pessoas passam pelo estabelecimento de segunda-feira a sábado. Há clientes assíduos que vão ao local todos os dias ou uma vez por semana. Quando a Mega-Sena está acumulada, como agora, o número de clientes aumenta entre 30% e 40%.

"O principal objetivo das pessoas que buscam a loteria é fazer fortuna e ter liberdade para fazer escolhas, como parar de trabalhar", conta o gerente regional de canais da Caixa Econômica Federal, Fábio Secomandi.

REGIÃO - Antigamente as lotéricas eram palco apenas de apostas. Hoje, o cliente pode pagar contas, por exemplo. "Mas os jogos continuam representando parte considerável do ganho total", comenta Secomandi.

No Grande ABC existem 143 casas lotéricas. E, a cada dois anos, entre 15 e 20 novos estabelecimentos são instalados nas cidades da região. "Serão mais 16 lojas até março de 2012", explica o gerente da Caixa.

Embora não seja possível mensurar quanto o Grande ABC arrecada com esses jogos, dados nacionais apontam que, dos cerca de R$ 8 bilhões recebidos pelas apostas, R$ 4 bilhões foram repassados às áreas da seguridade social, financiamento estudantil e esportes, entre outros.




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