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Série mostra realidade de viver dentro de um presídio desde a juventude

‘Irmandade’, que estreia sexta na Netflix, retrata surgimento das facções criminosas

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
23/10/2019 | 07:34
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Aline Arruda/Netflix


Viver dentro dos muros de um presídio foi a realidade de Edson (Seu Jorge) desde sua juventude. Morador de uma favela sobre palafitas – cuja gravação foi feita em Cubatão –, o jovem era usuário de maconha e, após ser delatado pela irmã pequena ao pai, foi entregue pelo progenitor à polícia. E o sistema prisional não perdoa. De um jovem negro periférico usuário de droga ele se tornou o líder de uma facção criminosa chamada Irmandade, implacável com quem não respeita a ‘lei fraterna’.

O enredo descrito é desenvolvido ao longo dos oito episódios da série que tem o nome da facção e chega à Netflix sexta-feira. A produção é da  O2 Filmes,  com direção-geral de Pedro Morelli.

A história começa na década de 1970. A irmã ‘delatora’, Cristina, vê o irmão ser espancado pelos policiais e cresce sem visitar Edinho na cadeia, seguindo os caminhos descritos pelo pai como certos. Passam 24 anos e ela, agora interpretada por Naruna Costa, se forma advogada e vai trabalhar no Ministério Público. Por nuances do destino, cai em sua mão o processo que envolve o irmão, e ela vai assistir a seu julgamento, onde Edson – em atuação impecável de Seu Jorge – joga na cara dos magistrados toda tortura que sofreu em cela até então. A advogada fica mexida e daí se desenrola toda a trama.

“Tinha algumas abordagens possíveis dramatúrgicas. A mais esperada e menos bacana, na minha opinião, é através do ponto de vista de um policial que investiga uma facção. Eu queria evitar porque é a coisa que você mais vê. A segunda ideia foi fazer através do líder da facção e colocar ele no centro da trama, também já usada. Então surgiu a ideia de fazer através de uma mulher protagonista, que é a Naruna, e abordar esse universo sobre a ótica dela”, explica Morelli, acrescentando que na década de 1990, antes do celular, as mulheres eram essenciais para troca de informação entre os criminosos.

É possível ver, ao longo dos episódios, a mudança de conduta de Cris. Para ajudar o irmão, ela passa a ter decisões que fazem o espectador se perguntar: ‘O que eu faria se estivesse no lugar dela?’ “Até então ela faz o que acredita ser o correto para viver em sociedade. Isso se quebra quando reencontra o irmão. Esses pensamentos, essa concretude da ideia do que é correto no mundo, vai se quebrando. A ideia de justiça, de lei, de certo, vai se desfazendo, e é o que acho de mais bonito na Cristina. Existe a desconstrução de uma ideia de moralidade que vai se desfazendo quando ela vai se encontrando em outras sociedades e entende que nada pode ser igual porque a sociedade brasileira é desigual”, reflete Naruna.

E é fácil entender que Edson, mesmo vivendo em outra ‘sociedade’, que é a prisional – as cenas foram gravadas em uma ala desativada de um presídio de Curitiba –, segue os preceitos do pai. “Dá para imaginar que dentro daquele universo, onde tudo está por um fio, os irmãos têm de manter o mínimo de decoro no convívio do dia a dia, porque se perder o controle das coisas realmente vira o caos. Essa é a mensagem do Edson: ‘correr pelo certo é um caminho sem volta’.”

A história, que prende do início ao fim, também é contada por Taylor, Hermila Guedes, Pedro Wagner, Danilo Grangheia e Wesley Guimarães, entre outros atores, e deve, adianta Morelli, seguir em segunda temporada.




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