Um assunto que tem chamado muito a atenção das pessoas ultimamente, especialmente pela exposição do tema na agenda pública na novela Insensato Coração é a questão dos relacionamentos amorosos no ambiente de trabalho. Trata-se de assunto bastante polêmico e que pode gerar certo desconforto tanto para os envolvidos, quanto para os que trabalham com eles. De fato, relacionamentos íntimos causam no grupo de trabalho e algumas situações difíceis de se gerenciar.

Os grupos têm dinâmicas semelhantes e as relações humanas são complexas. Quando falamos de relacionamento íntimo no trabalho, sabemos que pode gerar ruídos, comentários, pessoas que desconfiam da confidencialidade da informação. Muitos pensam no que um fala para o outro. As pessoas imaginam que se falarem algo para um, o outro saberá e isso causa certa desconfiança. Também ocorrem movimentos de identificação e não identificação, ou seja, posso me identificar com um dos membros do casal e o outro será mais aceito por conta disto, ou posso ter antipatia por uma das pessoas e esta antipatia se reflete automaticamente no segundo profissional.

Um segundo problema, além na interferência na dinâmica grupal, é a influência nas tomadas de decisão. Se o casal não souber tratar com todo o distanciamento possível, pode haver preferências ou priorizações em determinados assuntos por conta da relação íntima.

Outra dificuldade é a não discrição quando o casal ostenta com carinhos ou encontros constantes. Por mais que a empresa permita relacionamentos íntimos entre funcionários, não é recomendado nem aconselhável comportamentos mais ostensivos da relação. Logo, carinhos e beijos em ambiente de trabalho, bem como atitudes como o casal só almoçar junto e criar uma dependência de chegar junto e ir embora junto, pode atrapalhar o dia-a-dia e as relações no ambiente. Portanto, se você se relaciona com alguém no trabalho, cuidado! Pergunte-se: "Eu teria este comportamento caso eu trabalhasse em uma empresa e ele(a) em outra?"

VISÃO EMPRESARIAL

Algumas empresas não permitem este tipo de relacionamento e têm como determinação que, se isto acontecer, um dos dois envolvidos deve sair da companhia. Outras permitem relacionamentos íntimos, desde que não haja subordinação entre o casal, ou que eles não trabalhem na mesma área, por exemplo. Há ainda empresas que permitem, pois vêem que há mais relação de confiança quando pessoas da mesma família ou círculo trabalham na corporação.

Todas as visões têm prós e contras. O ponto mais importante é saber que relacionamentos em ambiente de trabalho certamente despertarão sentimentos em outras pessoas do grupo, como inveja, insegurança, carinho, aceitação. Saber exatamente o que virá é muito difícil, mas saber que algo virá e estar preparado para isto é um grande desafio.

ATITUDES

Se este tipo de situação ocorrer com você, sugiro que seja correto com seu superior. Conte o que está ocorrendo, afinal, ninguém manda em seu coração. Se você se apaixonou e decidiu ficar com esta pessoa, seja ético e assuma sua escolha. Fale com seu chefe, divida com ele sua preocupação. Ele deverá fazer com que as orientações da empresa se concretizem, seja conduzir quem fica, seja transferir um dos dois quando não é permitido subordinação ou trabalho na mesma área se for o caso, ou seja apenas saber, no caso de a empresa permitir este tipo de relação.

Em segundo lugar, aconselho que seja discreto. Por mais que a empresa permita relacionamentos íntimos, lembre-se de que aquele é um local de trabalho, não de namoro. Procure se perguntar: ‘eu almoçaria sempre com a mesma pessoa caso ele(a) trabalhasse em outro local?' , ‘Como seriam meus horários de entrada e saída?', ‘Como seria o meu relacionamento com meus colegas?', ‘Eu dedicaria um tempo diferente para o meu networking dentro da empresa?'.

Ao responder estas perguntas, talvez alguns comportamentos tenham de ser revistos. Na dúvida, valha-se sempre do bom senso. Relações íntimas entre membros subordinados pode ser uma receita certa para confusão, por isso, fique atento. Siga seu coração, mas procure sempre a discrição e o respeito à empresa, aos colegas e, principalmente, à sua carreira. Siga confiante e boa sorte!