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Rentabilidade bancária é duas vezes maior que de empresas
Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
06/09/2003 | 19:03
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Levantamento feito pela Austin Asis Consultoria mostra que a rentabilidade dos bancos foi quase duas vezes maior que a conseguida pelas demais empresas no primeiro semestre de 2003. Enquanto os bancos atingiram 22,1% de rentabilidade, as empresas fecharam o semestre com índice de 12,3%. A diferença entre os dois setores poderia ser ainda maior. Segundo o analista da consultoria Tadeu Resca, as empresas apresentaram rentabilidade acima da média no período por conta da queda na cotação do dólar. “Muitas empresas têm dívidas atreladas ao câmbio e quando cai o valor da moeda norte-americana aumenta a rentabilidade das empresas”, disse. Com o dólar em alta, o desempenho do setor fica em torno de 5,9%.

Os números da consultoria mostram também que o lucro dos bancos aumentou 12% nos primeiros seis meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. A rentabilidade do setor passou de 19,8% para 22,1% no período. Com base nestes dados, uma das conclusões feita pela Austin Asis, segundo Resca, é “que os bancos aproveitam melhor o ambiente econômico do que as empresas”. Além de ganhar com investimento em títulos públicos atrelados à Selic (taxa básica de juros), os bancos ganham ainda no spread (diferença entre o valor e o cobrado dos clientes) das operações de crédito.

Contraponto – O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Roberto Luis Troster, disse que o desempenho do setor foi atípico no primeiro semestre deste ano, por isso o alto índice de rentabilidade registrado pelo levantamento da Austin Asis. Segundo ele, a economia caminhou melhor do que o esperado nos primeiros seis meses do ano, medida principalmente pelos baixos níveis de inadimplência registrados. “Estávamos todos esperando uma crise maior”, afirmou.

Sobre as críticas de que os bancos preferem investir em títulos públicos do que em operações de crédito, o economista disse que o depósito compulsório de 80% limita a atividade do setor. “Um a cada R$ 5 não pode ser emprestado. Além disso, dependendo da modalidade, mais da metade dos rendimentos vão para o pagamento de impostos.” Troster defende a redução do compulsório e reforma tributária como formas de facilitar o acesso das empresas e dos consumidores ao crédito.




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