Setecidades Titulo Educação
Professores de Diadema
contestam Sistema Sesi

Docentes criticam pouca participação no processo
e destacam infraestrutura inadequada das escolas

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
30/09/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Professores da rede municipal de Diadema contestam a implantação do Sistema Sesi de Ensino na cidade, desde o início do ano. Por meio de carta aberta, comissão de docentes reclama da falta de participação dos profissionais na discussão do novo modelo de aprendizagem e da inexistência de infraestrutura adequada nas unidades escolares para a aplicação do conteúdo proposto no material didático.

A adesão ao sistema em Diadema foi realizada em fevereiro, mediante investimento de R$ 2,8 milhões anuais – R$ 115,75 por aluno. O convênio com o Sesi inclui material pedagógico e formação de 351 horas para os 245 gestores e de 216 horas aos 955 educadores da cidade. A proposta é beneficiar 24.498 crianças com idade entre 4 e 10 anos, desde a pré-escola até o primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) em 84 escolas.

Uma das principais críticas dos professores e também do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema) é o fato de a Prefeitura investir em material didático, sendo que a cidade já recebe livros de forma gratuita por meio do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) do MEC (Ministério da Educação).

Além disso, o grupo considera que a administração deveria empregar recursos em melhorias nas unidades de ensino. Exemplo é o fato de as escolas não contarem com infraestrutura adequada de laboratórios de informática e computadores com acesso à internet, o que inviabiliza parte das atividades propostas pela metodologia do Sesi.

Em seu manifesto, os educadores ressaltam ainda possíveis prejuízos e defasagem no aprendizado para os alunos a curto, médio e longo prazo. Segundo eles, as crianças com faixa etária entre 4 e 7 anos não contam com atividades de movimento corporal e alfabetização em seu material de apoio.

Para o secretário de Educação de Diadema, Marcos Michels, a carta aberta dos educadores tem viés político e intuito de desconstruir o investimento municipal. “Não temos nada contra o PNLD, mas quando assumimos a Prefeitura (em janeiro de 2013) percebemos que a Educação precisava de mudança, porque tínhamos 3.000 crianças entre o 4º e 5º ano do Ensino Fundamental sem saber ler.”

Michels destaca ainda que não se trata de privatizar a Educação, mas sim iniciar caminho para a melhoria da qualidade. A expectativa do secretário é que o resultado do próximo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), em 2016, já aponte evolução. O município melhorou a colocação entre alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental entre 2011 e 2013 – passou de 5,4 para 5,9.

O secretário considera ainda que o investimento no sistema do Sesi não inviabilizou outras melhorias na Educação. “Estamos iniciando a reforma de três unidades de ensino e, em outubro, começaremos as obras em outras seis escolas. Além disso, assumimos a merenda escolar e melhoramos a qualidade dos uniformes entregues aos estudantes neste ano.”

Outro ponto ressaltado por Michels é a criação de comissão de professores e gestores da rede de ensino com propósito de construir currículo municipal para a Educação. “O Sesi vem como uma ferramenta para ajudar. O que for bom vamos manter, mas estamos construindo material com a cara da rede para 2016. Se tudo der certo, em 2017 só teremos o custo da impressão do nosso próprio conteúdo”, diz. 




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