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O Rio de Janeiro continua lindo!

Rio é muito mais do que Cristo Redentor e Pão de Açúcar; construções oferecem viagem no tempo

Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
16/04/2009 | 07:00
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Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Copacabana, Ipanema. Basta falar em Rio de Janeiro para, automaticamente, vir à mente a imagem desses e outros lugares apontados como as principais maravilhas cariocas. Mas o Rio é muito mais que isso. Além de contar em suas ruas grande parte da história brasileira - já que foi sede da República de 1897 a 1960 - é nesta cidade também que é possível admirar não só uma bela paisagem. Dá para reviver histórias do século passado e ver como o povo que vive e respira alegria consegue driblar até mesmo os mais tristes casos de violência.

A começar por um dos símbolos do reduto da boemia carioca, o bairro da Lapa, também conhecido como Montmartre carioca (bairro boêmio da cidade de Paris), simbolizado pelos arcos: um total de 42 com 270 metros de extensão. No século 18 os arcos foram um meio de ligar o morro de Santo Antônio ao de Santa Teresa, para transportar água do rio carioca para o Largo de mesmo nome, onde havia um chafariz.

Embora tenha sido um local que entrou em decadência a partir da década de 1970, quase 20 anos depois o local começou a se reerguer e hoje, projetos do governo visam revitalizar o berço de grandes composições como Mulato Bamba e Dama do Cabaré, ambas de Noel Rosa.

Foi nas ruas da Lapa que, além desse compositor, passaram nomes conhecidos com o escritor e ator Mário Lago, o escritor Lima Barreto, o poeta Manoel Bandeira e a irreverente Madame Satã, um travesti cuja história virou até filme nacional. Segundo o responsável pelo site Lá na Lapa, Nelson Porto, que há quatro anos mora no bairro, não há nada melhor do que a vida noturna de lá. "Diversos casarões foram restaurados, o Circo Voador (local onde já passaram Cazuza, Lulu Santos e O Rappa, entre outros) voltou a funcionar a todo vapor. A Lapa renasceu."

E basta andar dez minutos à noite pelas ruas do bairro em direção aos arcos para comprovar o que Nelson diz. Representantes de tribos de todas as partes do Rio de Janeiro - até mesmo da Zona Sul, considerada de elite - são facilmente identificados. Em alguns lugares, é claro, ouve-se batidas do funk. Mas o que predomina são as rodas de samba, principalmente os antigos, e até mesmo apresentações de Maracatu, ritmo folclórico pernambucano. Na música A Lapa, de Herivelto Martins e Benedito Lacerda, essa história é escrita de forma sucinta: "Enquanto a cidade dorme, a Lapa fica acordada, acalentando quem vive de madrugada".

BONDINHO - Durante o dia, a função dos arcos muda. É por cima deles que passa o conhecido, desde 1872, bondinho de Santa Teresa - o único em funcionamento na cidade -, onde é possível percorrer o morro. E o que é melhor: a passagem custa apenas R$ 1,20, ida e volta. Durante o passeio pela rua Almirante Alexandrino, que dura, em média, 40 minutos, é possível ver diversos casarões antigos.

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse meio de transporte, o Museu do Bonde funciona desde 1998 no bairro. Lá é possível ver os tíquetes antigos, uniformes de condutores e relógios originais, além de maquetes e réplicas dos bondes.

Infelizmente, como em muitos locais brasileiros, todo cuidado é pouco e é preciso estar atento à ação de ladrões no local.

Lá também tem morros, mas os históricos

É certo que no Rio existem muitos morros. Mas não são apenas os que viram noticiário por conta de balas perdidas ou confronto entre traficantes e policiais. Muito pelo contrário. São os morros históricos, como o de Santa Teresa e o de Santo Antônio, localizados no centro.

O primeiro fica nas redondezas dos arcos da Lapa, bairro típico da boemia carioca. Antes de ser conhecido como Santa Teresa, cujo nome foi criado no século 18 por causa de um convento homônimo, foi chamado de desterro, já que era lá que se desterraram tamoios indesejáveis e negros quilombolas.

Assim que foi renomeado, passou a ser habitado pela classe alta da época. Essa elite construiu casarões e mansões inspirados na arquitetura francesa. Atualmente, é possível conhecê-lo a pé ou pelo bondinho, que sobe a Rua Almirante Alexandrino. Nomes importantes ficaram um tempo por lá como o poeta Mário de Andrade e o marechal Deodoro da Fonseca.

Entre os pontos gastronômicos mais conhecidos estão o Bar do Mineiro, cujas paredes são decoradas por trabalho de arte popular e oferece uma famosa cachaça, e o Sobrenatural, que tem como especialidade pratos com frutos do mar.

Já o Morro de Santo Antônio, onde ainda hoje existe um convento (que funcionou entre os séculos 17 e 18) com o mesmo nome, fica próximo ao Largo da Carioca. Embora já tenha sido bem maior, já que parte foi posta abaixo na década de 1950 para fornecer espaço ao aterro do Flamengo, o convento é a única área preservada e onde se reserva muita história. Para visitá-lo, tem de agendar com uma semana de antecedência.

CENTRO - Uma espécie de Praça da Sé no Rio, o Largo da Carioca é situado no centro da cidade. No local passam milhares de pessoas por dia, entre elas artistas populares e vendedores ambulantes. Próximo ao largo fica a Rua da Carioca, parecida com a 25 de Março, em São Paulo.




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