Economia Titulo IPI
Montadoras defendem IPI menor por mais tempo
Por Lucas Tieppo
Especial para o Diário
05/03/2009 | 07:00
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A provável prorrogação da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrado sobre a venda de veículos recebeu ontem o apoio de praticamente todas as montadoras.

Apesar de o governo federal ainda não ter se pronunciado oficialmente sobre o assunto, a prorrogação do incentivo é dada como certa. Adotada em dezembro de 2008, a redução iria inicialmente até o dia 31. Agora, poderá vigorar também no segundo trimestre deste ano.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou apenas que a medida vale até 31 de março, sem maiores explicações. Circula nos corredores do Planalto que a prorrogação da redução do IPI, e até mesmo outras vantagens tributárias vai depender de uma contrapartida das montadoras, principalmente a preservação de empregos.

Caso seja adotada, a prorrogação vai de encontro dos interesses da indústria automobilística. O setor vê a redução do imposto como grande arma para manter as vendas em alta, como tem sido verificado nas últimas semanas. De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), em fevereiro, a venda de veículos teve alta de 0,15% ante o mesmo período do ano passado, com 191 mil unidades.

CURTO PRAZO - O presidente da General Motors Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, reafirmou ontem que, apesar de defendê-la, não vê a redução do IPI como melhor saída para um cenário de crise de vendas. "Eu defendo a queda de juros e melhores condições de financiamento a longo prazo. O IPI reduzido ajuda nas vendas somente a curto prazo, as outras ações funcionariam a longo prazo", explica Ardila.

Por outro lado, a direção da Fiat afirmou, também ontem, que, apesar de não ter sido feito um anúncio oficial sobre a prorrogação, "espera que ela seja confirmada", já que o mercado mostrou que o IPI reduzido fortaleceu as vendas o que pode continuar caso seja mantida a redução do imposto.

Também defende a prorrogação da redução do IPI o presidente da Ford do Brasil e Mercosul, Marcos Oliveira. Em entrevista semana passada ele disse esperar que o benefício seja estendido até, pelo menos, o segundo trimestre. Para Oliveira, que espera "bom senso do governo", a redução ajudou na recuperação da indústria automobilística no início deste ano.

Já a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) declarou que não está dialogando com o governo e, por isso, aguarda uma posição oficial para se pronunciar. Pelo mesmo motivo, a Volkswagen também preferiu não comentar o tema.

NOVOS CAMINHOS - Para Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive empresa especializada na análise do comportamento do setor automotivo, o governo deve manter os incentivos, mas também criar novos caminhos para manter os preços baixos.

"O governo deve iniciar conversa em conjunto com as montadoras, fabricantes de autopeças e empresas do setor. Cada um deve ceder em um ponto. Deverá haver um acordo, para não deixar que apenas o governo deixe de arrecadar", afirmou Garbossa.

Ainda sob o ponto de vista do consultor, a política de descontos sempre existiu no mercado automotivo. "As montadoras sempre utilizaram a política de dar descontos para superar a concorrência. O que ocorre agora é que o desconto é dado pelo governo."

"O que não pode acontecer é deixar voltar ao patamar de vendas de novembro e dezembro do ano passado, por isso deve haver uma força tarefa no setor", concluiu.

O incentivo tinha renúncia fiscal ao governo estimada em R$ 1,35 bilhão no período de quatro meses. Com a redução, a arrecadação de IPI sobre veículos teve queda de 91% em janeiro se comparado com igual período de 2008 e de 88,56% sobre dezembro.




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