Após apresentar 5% de crescimento nos casos de roubo e furto de veículos no primeiro semestre do ano, comparado ao mesmo período em 2011, o Grande ABC voltou a mostrar crescimento nesse tipo de crime no mês de julho, segundo as estatísticas criminais do Estado divulgadas ontem pela SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública).

Foram 1.785 casos registrados nas 28 delegacias da região, contra 1.517 em julho do ano passado, alta de 17,6%. Na mesma comparação, os índices estaduais caíram. São Paulo teve 15.902 ocorrências do tipo em julho, queda de 0,9% em relação a 2011.

"O roubo e furto de veículos são nossa maior preocupação", admitiu o coronel José Belantoni Filho, comandante interino da Polícia Militar no Grande ABC. "Mas estamos trabalhando  em cima disso", destacou.

Segundo dados da Polícia Militar, alguns fatores ajudam a explicar o fenômeno. A frota regional pode chegar a 1,4 milhão de veículos no fim do ano. Segundo o Censo 2010, as sete cidades têm 2,55 milhões de habitantes, o que dá média de um veículo para cada quase duas pessoas.

O número elevado de veículos e a proximidade com as principais rotas de ligação entre Capital e Litoral chamaria a ação dos criminosos. Além disso, esse tipo de delito estaria ligado diretamente a outros, como o tráfico de drogas. O trabalho de inteligência da Polícia Militar identificou que 80% dos automóveis recuperados são encontrados próximo de pontos de venda de drogas.

Mesmo assim, os índices são considerados bons pelas polícias da região. Cerca de 60% de carros e motos levados de seus donos são recuperados no Grande ABC. A média é de 160 veículos devolvidos mensalmente. No restante do Estado, esse número é de 60.

Apesar das explicações, o GT (Grupo de Trabalho) de Segurança do Consórcio Intermunicipal estuda ação integrada junto às forças estaduais para ajudar a coibir o roubo e furto de carros e motos. Uma das ideias é a criação do portal do Grande ABC, sistema de videomonitoramento das principais vias de acesso e saída da região, que seria compartilhado entre as GCM (Guarda Civis Municipais) e polícias Militar e Civil. Reuniões já foram realizadas para integrar o trabalho.

Fora isso, uma das reivindicações do coordenador do GT e também secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, Benedito Mariano, e dos prefeitos junto à SSP é pelo aumento do efetivo da Polícia Militar de 3.600 homens para 5.000 na região, além do funcionamento em período integral de todas as delegacias nas sete cidades.

Número de homicídios também apresenta aumento

Assim como acontece com o roubo e furto de veículos, o número de assassinatos no Grande ABC foi em direção oposta ao do Estado. Enquanto a queda paulista foi de 7,7% nos casos, a região viu aumentar de 19 casos em julho de 2011 para 24 neste ano, acréscimo de 26,3%, segundo as estatísticas criminais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública).

Novamente, assim como aconteceu com as comparações semestrais, há crescente de casos, mesmo com números absolutos baixos.

Santo André foi a única cidade que teve queda significativa, de cinco ocorrências de homicídio em julho do ano passado para três em 2012. Mauá, no entanto, viu aumentar de quatro para nove os assassinatos no período.