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Para 70% da classe média
da região, Copa trará prejuízo

Comércio de itens temáticos sente impacto do
pessimismo; população se mostra insatisfeita

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
09/06/2014 | 07:03
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Marina Brandão/DGABC


A maioria da classe média do Grande ABC desaprova a realização da Copa do Mundo no País. Levantamento concedido com exclusividade à equipe do Diário pelo Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano) aponta que sete a cada dez pessoas das classes B e C são contra o evento esportivo em terras tupiniquins por acreditarem que haverá prejuízos ao País. E quem está sofrendo com esse pessimismo é o comércio de itens temáticos.

Gestor do Inpes-USCS, Leandro Prearo pontua que, pelos resultados da pesquisa, é nítido que as famílias das classes B e C têm interpretado que o governo vem transferindo gastos que iriam para prestação de serviços públicos para a Copa, como a construção de estádios e a modernização de aeroportos. Tanto que, em questionamento aberto aos moradores da região, as perdas mais mencionadas foram os aportes para a realização do Mundial no País, quando esses recursos deveriam ter sido investidos em Saúde, Educação e Segurança.

Na JH Presentes, de Santo André, o abastecimento de itens temáticos ocorreu há 20 dias. “Mas está muito fraco o movimento. O único produto que realmente tem saído são as bandeiras (R$ 15). Mas as cornetas e os chapéus, não”, explica o gerente Carlos de Jesus, 28 anos.

Na loja de roupas andreense Eskala, o gerente Alex Peixoto diz que o investimento em materiais relacionados ao evento esportivo foi conservador. “Vendemos, mas não com intensidade. Mas é da cultura do brasileiro deixar para a última hora. Acredito que no dia dos jogos da Seleção Brasileira nós vamos vender muito.”

O diretor de pesquisas do Provar/FIA (Fundação Instituto de Administração), Nuno Fouto, destacou que o cenário atual é de inflação acelerada e que as famílias estão bastante endividadas. Pela sazonalidade, é esperado que o comércio de itens de maior valor, como os aparelhos televisores, tenham demanda considerável. Mas, pela ancoragem negativa de insatisfação com os gastos públicos do governo, essa vontade pode ser reduzida.

Considerando os pequenos comércios, cujos preços são menores e não exigem tanto do orçamento dos consumidores, o desacordo com os gastos do governo é o principal entrave. “Eles não querem compactuar com a festa, então não compram”, opina Fouto.


Empresa quer dobrar venda de TV

Ainda na expectativa de que a Copa do Mundo de futebol vai gerar bons frutos, a Via Varejo, empresa que administra a Casas Bahia e o Pontofrio, informou que tem como previsão dobrar as vendas de TVs em relação a 2013. Essa projeção considerou este mês, maio e abril. No entanto, a companhia não divulgou números.

No caso da Coop – Cooperativa de Consumo, o evento esportivo deve gerar grande impulso nas vendas de alimentos e bebidas, na comparação com o mesmo período de 2013.

Entre as projeções, um dos itens que provavelmente não faltará nos encontros de amigos para assistir às partidas da Seleção Brasileira, a cerveja, deverá atingir expansão de 30% nas vendas.

Para os vinhos e refrigerantes, a estimativa é de que a comercialização se eleve em 20%. Os salgadinhos e pipocas terão acréscimo da ordem de 15% a 20%.

“Para queijos, seremos um pouco mais conservadores, pois acreditamos que o crescimento seja em torno de 15%. Não devido apenas à Copa, e sim às ações que estão planejadas para esta estação do inverno. Inclusive, pode ser que haja uma migração desses produtos (queijos e vinhos) para salgadinhos, pipocas, cervejas e refrigerantes, itens normalmente mais consumidos durante este tipo de evento”, explica, por nota, a gerenciadora da categoria da Coop, Patrícia Souza.
 




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