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Profissão: quadrinista!

Fazer histórias em quadrinhos é realidade de muitos; confira dicas dos mais feras do Brasil

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
26/01/2014 | 07:00
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Andrea Iseki


Tudo o que um quadrinista precisa é lápis, borracha, papel e criatividade. Com essas ferramentas, é capaz de criar mundos e dar vida a novos seres com muita personalidade. No mercado das histórias em quadrinhos, há estilos e roteiros para todos os públicos. No Brasil, as mais populares ainda são as de super-heróis e as da Turma da Mônica, mas as produções independentes ganham cada vez mais força e abrem espaço para quem sonha se profissionalizar.

No cenário nacional, o mestre das HQs ainda é Mauricio de Sousa, 78 anos, que manteve o público adolescente com a Turma da Mônica Jovem no formato mangá. Projeto especial com graphic novels, criadas por renomados quadrinistas brasileiros, também fez sucesso. A primeira foi Astronauta – Magnetar, de Danilo Beyruth, que ganhou o troféu HQMix, tipo de Oscar dos quadrinhos. “Estamos trazendo para o leitor brasileiro materiais de alto nível com estilos diferentes”, disse ao D+ o pai da Mônica. Segundo Mauricio, o País passa pela melhor fase para profissionais da área. “Ninguém mais tem vergonha de confessar que lê historinhas. Os artistas precisam aproveitar isso. Quem for talentoso e encontrar bons caminhos para seu personagem terá sucesso.”

O mercado de super-heróis internacionais também abre espaço para brasileiros. Ivan Reis, 37 (foto acima), de São Bernardo, faz a Liga da Justiça para a DC Comics. Desde a infância queria ser desenhista. “Aos 14 anos, coloquei meus desenhos no braço e andei de porta em porta divulgando.” Seu primeiro quadrinho foi Histórias Reais de Drácula. Aos 15, entrou para a equipe de Mauricio de Sousa. Anos depois, passou a desenhar para revistas norte-americanas. “Sempre sonhei com super-heróis e não tinha esse mercado no Brasil.”

Quem cria as aventuras do Super-Homem e de seus amigos é o roteirista. Ivan recebe a história pela internet e desenha com lápis, borracha e papel. Em seguida, manda para o arte-finalista, que utiliza nanquim para dar os toques finais. Em seguida, a obra vai para o letrista, que coloca os balões com as falas, e para o colorista, que dá a cor. “O roteiro é como se fosse um livro. Tem as falas dos personagens e tudo o que acontece com eles. Desenho deixando os espaços para os balões.”

ERA DIGITAL
Em vez de bater portas, João Montanaro, 17, decidiu mostrar seus desenhos na internet. Aos 12, criou um blog e mandou e-mails para alguns editores. Na época, foi convidado a fazer tirinhas para um jornal e ganhou reconhecimento. Hoje, faz charges e ilustrações. “Uso aquarela e pincel para desenhar. Não gosto de fazer no computador”, conta o garoto, que curte ouvir música enquanto trabalha.

Para quem quer se profissionalizar, João incentiva a treinar muito e divulgar o trabalho. “Tem de ser cara de pau. Não adianta ser um gênio dentro da gaveta.” Uma das maneiras é fazer blog, Tumblr, site e página no Facebook. Outra dica é ler bastante, segundo Mauricio de Sousa. “Tem de aprender a olhar como observador técnico, reparar como é o risco, a cor, fazer uma avaliação do que está vendo.” Também vale a pena conhecer os diferentes estilos de HQs para saber com qual deles se identifica, além de processos de produção. Quem não sabe desenhar, pode ser roteirista, por exemplo. O importante é ter foco e não desistir.

 

AS DIFERENTES HQs

O universo das HQs traz diferentes estilos de histórias. Confira os principais:
>Tirinhas – Histórias curtas contadas em jornais e gibis;
>Mangás – Como um seriado, possuem vários capítulos. Portanto, a história tem começo, meio e fim. Em geral, a leitura é feita de trás para frente. Fazem muito sucesso no Brasil;
>Graphic Novel – Romance em quadrinhos;
>Quadrinhos literários – Adaptações de livros que viram HQs. Várias obras do autor brasileiro Machado de Assis ganharam versões ilustradas, por exemplo.

 

Trabalhos independentes ganham espaço - Na quinta (30) será comemorado o Dia do Quadrinho Nacional. A data – instituída pela Associação dos Quadrinhistas e Cartunistas do Estado de São Paulo – é lembrada desde 1984 em homenagem à publicação considerada a primeira HQ brasileira. Chamada As aventuras de Nhô Quim (de 1869), do italiano Angelo Agostini, a obra tinha elementos que caracterizam uma história em quadrinhos: sequência, personagem fixo e enquadramentos cinematográficos.

A comemoração é importante para lembrar a luta do quadrinista, especialmente do brasileiro, em busca de reconhecimento. “Há muito tempo fazemos campanha pedindo espaço. Antigamente, os desenhos estrangeiros chegavam a preços baixos, então as editoras os publicavam porque eram conhecidos, não queriam arriscar algo novo”, diz Jal, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil.

Ao longo dos anos, surgiram prêmios como o HQMix, reconhecido internacionalmente, e projetos como o ProAC (Programa de Ação Cultural), incentivando a publicação independente. A internet também facilitou. “O autor ganhou fãs e não precisa ter material vinculado às editoras”, explica o cartunista Gilmar. “Não que esteja fácil, mas hoje existem outros meios de se virar para conseguir o quer.”

A era digital também permite a venda de produtos pela internet, sem dependência de livrarias. Além disso, dá para se aproximar do leitor e produzir conteúdo para o mercado on-line. “Papel é caro. A tendência é publicar histórias virtuais, como versões para tablet. Hoje há formatos de quadrinhos específicos para isso”, completa Gilmar.

QUEM É QUEM?
Há quadrinistas que criam o roteiro, desenham e colorem. No entanto, há editoras que contam com uma equipe de profissionais para dar vida às histórias. Saiba quem é quem.
> Editor e assistente do editor – responsáveis por mandar as páginas para a publicação;
>Roteirista – cria a história;
>Desenhista – elabora os desenhos;
> Arte-finalista – dá o toque final com tinta;
>Letrista – acrescenta os balões com os diálogos;
> Colorista – Dá cor aos desenhos.




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