Economia Titulo Preços
Plano real acumula inflação
de 345% no País

Corrosão proporcionada na moeda fez camiseta de R$ 10, em 1994, encarecer para R$ 44

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
12/01/2014 | 07:31
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Celso Luiz/DGABC


A inflação não foi tão dócil com as famílias brasileiras durante a vida do real. Seis meses antes de a moeda completar 20 anos, os preços tiveram expansão media de 345,05%. O resultado foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de dezembro.

Para se ter noção do quanto que a moeda sofreu de corrosão em todos esses anos, se uma camiseta custava R$ 10 no início do Plano Real, em julho de 1994, hoje o preço médio é de R$ 44.

Em outra simulação, um veículo popular, por exemplo, cujo preço era de R$ 8.000 no primeiro mês de vida da moeda nacional, hoje custaria algo em torno de R$ 35,6 mil. Na prática, a inflação acrescentou R$ 27,6 mil na hipótese desta operação.

Atualmente é difícil avaliar exatamente o quanto a inflação corroeu a renda dos brasileiros. Isso porque os dados disponíveis sobre remuneração média do trabalho vão até março de 2002. De lá até novembro, ao menos, conforme o IBGE, houve avanço real dos salários da ocupação principal de 17,9%, passando de R$ 1.965,2 para R$ 1.666,3. “Mas é impossível assegurar que o mesmo ocorreu em períodos anteriores (até 1994). A inflação oscilou muito”, destacou o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) para o Grande ABC, Leonel Tinoco, que também é professor de Economia da FSA (Fundação Santo André).

Para Tinoco, o patamar de expansão que os preços atingiram nos 19 anos e meio da moeda é negativo. Para ele, o objetivo principal era segurar os preços, mas esse freio estourou já nos primeiros anos. De julho de 1994 até o fim do mesmo ano, as famílias com renda entre um e 40 salários-mínimos enfrentaram inflação da ordem de 18,57%.

No ano seguinte, ainda em processo de estabilização e maturação da nova moeda, depois de período em que os preços subiam duas casas percentuais em apenas um dia, o indicador acumulou 22,41%.

Em 1996, a situação começou a desaquecer. A inflação encerrou o ano em 9,56%. No ano seguinte, 5,22%, e, em 1998, chegou ao seu menor nível durante o Plano Real, em 1,65%. Após isso, a maioria dos resultados superou os 5%.

Tanto que em 2002, mesmo período em que o mercado apresentava incertezas sobre o início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os preços subiram 12,53%.

MENOS RENDA

Por outro lado, os consumidores remunerados com o salário-mínimo tiveram ganhos elevados de poder de compra.

Ao considerar o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, que mede a inflação para as famílias menos abastadas, com renda entre um e cinco salários-mínimos, o piso nacional aumentou 2,65 vezes.

O salário-mínimo teve um incremento de 946% entre julho de 1994, quando estava em R$ 64,79, até o fim de 2013, considerando o piso do ano passado de R$ 678, que hoje está em R$ 724. No mesmo período, o INPC evoluiu 356%.

COMIDA

Desagregando os grupos de despesas do IPCA, é possível afirmar que os gastos com comunicação foram os que mais aumentaram desde julho de 1994. Ao todo, as famílias enfrentaram inflação de 716%.

Em seguida aparece o grupo Habitação, com 595,64%, Educação, com 384,39%, despesas pessoais, com 372,65%, e Saúde e cuidados pessoais, com 333,81. Os transportes encareceram, em média, 326,54%, a alimentação e as bebidas, 286,65%, os vestuários, 205,3%, e os artigos de residência, 130,19%. 




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