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Temporal leva caos ao Grande ABC
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
26/11/2006 | 22:15
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Nem chegou a época das chuvas e o Grande ABC já enfrentou o caos anteontem à noite por causa de um temporal que atingiu toda a região.

Diversas ruas ficaram alagadas e o trânsito interrompido. No caso mais grave, um tetraplégico morreu afogado no bairro Demarchi, em São Bernardo, após a parede do quarto onde estava ruir. No mesmo bairro, o posto de saúde ficou totalmente inundado, causando sua interdição. Hoje, a previsão do tempo é de mais chuva e, dada a infra-estrutura insuficiente da região, mais alagamentos podem ocorrer.

Depois de sol e uma tarde de calor escaldante, o tempo ficou cinzento e a chuva teve início às 19h30 de anteontem, durando aproximadamente 40 minutos. A via Anchieta novamente ficou alagada na altura do km 13,5, na pista sentido Capital, com o transbordamento do córrego Ribeirão dos Couros. A interdição foi inevitável e houve congestionamento de veículos nas principais ruas no entorno da rodovia.

Os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) no Grande ABC pararam de circular durante uma hora. Em Santo André, a avenida dos Estados se transformou em uma verdadeira piscina com o transbordamento do rio Tamanduateí. Em São Caetano, a avenida Guido Aliberti novamente foi o principal foco de alagamentos.

No Jardim Portinari, em Diadema, diversas casas ficaram inundadas e pelo menos dez moradores perderam todos os seus móveis, além de danos a seus veículos. Os prejuízos maiores se concentraram em São Bernardo. No Paço Municipal, sede da Prefeitura, as águas atingiram quase dois metros, segundo relatos.

O tetraplégico Marco Antônio Pessoa da Silva, 33 anos, já tinha passado por diversas enchentes na rua onde mora, João Gerbelli, no bairro Demarchi. Entretanto, a de anteontem foi fatal. Sozinho no quarto, ele ficou isolado do restante da família depois de uma parede desabar com a força das águas. Sem canalização nenhuma, o córrego Ribeirão dos Couros atravessa toda a rua e transbordou novamente.

Além de Silva, estavam na casa seus pais e suas duas irmãs. “Quando a chuva começou, a minha mulher estava com ele no quarto. No momento em que a água entrava na casa, ele pediu à mãe que fosse calçar um sapato, porque estava de chinelos. Depois disso não o vimos mais”, afirmou o pai da vítima, o motorista aposentado Isaldo Pessoa da Silva, 64 anos.

Pouco tempo depois da mãe sair do quarto, a parede desabou e muitos móveis fizeram uma espécie de barricada, isolando Silva. “Não deu tempo de socorrer. Foi uma coisa muito rápida. Ficamos todos desesperados, mas não conseguimos chegar até onde ele estava. Não ouvimos nem um grito por ajuda”, disse o pai.

Silva ficou tetraplégico aos 13 anos, quando fraturou a coluna ao pular em um rio na cidade Ibiporã, no interior do Paraná, onde morava com com a família. Por causa do acidente, em que bateu a cabeça em uma pedra, seus pais decidiram mudar de cidade para que pudesse ter acesso a mais recursos para o tratamento. Vieram, então, para São Bernardo. “Vou processar a Prefeitura pela morte de meu filho. Já reclamamos diversas vezes para canalizar o córrego e nada foi feito. Na hora de pedir votos, vários políticos apareceram no bairro. E agora, como é que fica?”, indignou-se o pai.

Na rua Schultz Wenk, a chuva danificou todo o arquivo de clientes da contadora Renata Ruy, que mora e tem um escritório no local. “Perdi diversos documentos de 70 empresas, além de carteiras de trabalho”.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a chuva foi considerada de intensidade moderada, com o registro de 10,6 milímetros.



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