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Mãe morre atropelada por caminhão na frente dos filhos
Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
06/05/2004 | 21:18
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O que era para ser o fim de mais um dia de aula na Escola Estadual Doutor Osvaldo Giacoia, na Vila Alice, em Diadema, terminou em tragédia para a família da dona de casa Andréia Pereira da Silva, 26 anos, nesta quinta, por volta das 13h. A pé, ela voltava para casa com seus dois filhos, que haviam saído da escola. Acompanhada de outras duas mães com cinco crianças – uma delas um bebê com 11 dias de vida, cujo carrinho era empurrado por Andréia –, ela acabou prensada contra um muro por um caminhão-baú que perdeu o freio ao subir a rua Altino Arantes. Antes, ela conseguiu afastar as crianças do perigo. A dona de casa morreu na hora. Com o choque, o bebê foi arremessado longe, mas saiu praticamente ileso do acidente. O motorista abandonou o caminhão no local e fugiu.

Uma das mulheres era a dona de casa Suzana Bernardo da Silva, 23 anos, prima da vítima. Mãe de três crianças que testemunharam a tragédia, ela descreveu o momento em que o caminhão voltava de ré em direção à calçada onde elas se encontravam. “A Andréia se preocupou em afastar todas as crianças e o carrinho do bebê, mas não teve tempo de correr.”

Andréia morava no Jardim Canhema e tinha um casal de filhos, com 9 e 8 anos. Ambos também presenciaram o acidente. “A menina dela entrou debaixo do caminhão e chamava pela mãe. Ela não tinha caído na real sobre o acidente”, contou Suzana.

“Ela morreu para salvar os filhos”, disse, emocionado, o pensionista Valdivo Pereira da Silva, 60 anos, pai da vítima. Há seis anos, Andréia era namorada do motorista Edson da Silva Gomes, 37, com quem pretendia se casar. “Ontem (quarta-feira), ainda falamos sobre isso. Ela era uma pessoa alegre e uma mãe muito dedicada.”

Milagre – O bebê envolvido no acidente, a menina Natyelle do Nascimento Silva, não era filha da vítima, mas sim da doméstica Maria de Fátima do Nascimento, 35 anos, amiga de Andréia. Ela e o filho mais velho, de 9 anos, também assistiram ao acidente. “Com apenas 11 dias de vida, minha filha nasceu de novo”, disse Maria de Fátima. “Tentei puxar a Andréia, mas não deu tempo.”

A doméstica considerou um milagre o bebê ter se salvado. Ela não soube precisar a quantos metros Natyelle foi arremessada, mas disse que a queda foi brusca. “Ela caiu em cima de uns tijolos de uma obra”, disse, referindo-se à reforma da casa em frente ao local do acidente, que teve o muro e uma das paredes internas praticamente demolidos.

Logo após o acidente, Maria de Fátima gritou, aos prantos, ao motorista: “Você matou minha filha e minha amiga.” Em seguida, ela ouviu o choro de Natyelle. “Corri para pegá-la e pedir socorro. Foi aí que o motorista saiu correndo, desesperado.” O bebê foi levado por um policial militar, que atendeu a ocorrência, ao Pronto-Socorro da Vila Paulicéia, em São Bernardo, sendo liberada na mesma tarde.

Até esta quinta, a polícia ainda não havia localizado o motorista foragido. No interior do caminhão-baú, um Ford azul ano 81, modelo F-4000, de Guarulhos (SP), foi encontrada uma carteira de motorista em nome de José Nilson Silva Oliveira. O boletim de ocorrência registrado no 3º Distrito Policial de Diadema aponta os crimes de homicídio culposo e omissão de socorro. “Vamos aguardar o resultado da perícia do IC (Instituto de Criminalística)”, afirmou o delegado titular, Marcos Dario da Silva Mariano.




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