Criados para oferecer crédito a empreendedores normalmente nao atendidos nos bancos convencionais, os Bancos do Povo da regiao - de Santo André e Sao Bernardo - realizaram, da fundaçao até 28 de julho, 996 empréstimos, totalizando R$ 2,443 milhoes em financiamentos. A média de valores emprestados pelos dois bancos é quase igual: R$ 2,4 mil em Santo André e R$ 2,7 mil em Sao Bernardo. A instituiçao de Santo André completou dois anos em maio último, mês de criaçao da entidade de Sao Bernardo.

Embora as duas instituiçoes tenham o mesmo propósito, ou seja, facilitar o crédito para aquele segmento da populaçao que quer manter o seu negócio - formal ou informal - mas tem dificuldades em comprovar renda, elas sao administradas de formas diversas. A de Santo André é uma organizaçao nao governamental cujos sócios sao a Prefeitura de Santo André, a Associaçao Comercial e Industrial de Santo André (Acisa), o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do ABC (Setrans), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e os sindicatos dos metalúrgicos e dos bancários do ABC. Já a de Sao Bernardo é uma parceria da Prefeitura com o governo do Estado (leia quadro abaixo).

O banco de Santo André teve um aporte de capital inicial de R$ 600 mil - divididos entre os sócios.

No primeiro semestre do ano passado, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou ao Banco do Povo de Santo André cerca de R$ 1,017 milhao, valor que deverá retornar à instituiçao dentro de oito anos, reajustado pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Na ocasiao, a Prefeitura injetou mais cerca de R$ 450 mil. No Banco do Povo de Sao Bernardo, a Prefeitura entrou com cerca de R$ 200 mil e o governo do Estado com mais R$ 1,8 milhao.

Em funçao da maneira como as duas instituiçoes sao administradas, as taxas de juro sao diferentes. A de Santo André é de 3,9% ao mês, enquanto que a de Sao Bernardo é de 1% ao mês. Conforme explicou o gerente executivo da entidade de Santo André, José Caetano Lavorato, embora as taxas possuam grande diferença, a intençao do Banco do Povo de Santo André é autofinanciar-se. "Se formos levar ao pé da letra, a taxa do outro banco deveria ser zero, uma vez que o dinheiro para o empréstimo saiu do bolso do contribuinte", disse.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Sao Bernardo, Fernando Longo, nao concorda com as afirmaçoes de Lavorato e destaca que as diferenças entre as duas entidades sao estratégicas e doutrinárias. "Nós optamos por uma açao desenvolvimentista, enquanto eles escolheram uma estratégia financista", afirmou. "O banco existe há apenas alguns meses, mas já dá demonstraçoes de consistência, gerando negócios e empregos", reforçou o secretário.

Os dois bancos nao financiam o pagamento de dívidas nem a abertura de novos negócios, entretanto, segundo Lavorato, até o fim do ano, o Banco do Povo de Santo André deverá ter sua linha de crédito para os novos empreendedores.

Projetos - As Prefeituras de Diadema, Mauá e Ribeirao Pires também pretendem instalar Bancos do Povo nos próximos meses. Em Diadema o processo está mais avançado. Há pouco menos de dois meses, a Câmara Municipal da cidade aprovou projeto do prefeito Gilson Menezes que cria o Banco do Povo.

O programa, que será nos moldes do de Sao Bernardo, ou seja, em convênio com o governo do Estado por um prazo de cinco anos, vai conceder financiamentos a microempresas da economia formal e informal com juro de 1% e disponibilizar, de início, R$ 600 mil para as linhas de crédito. Desse valor, R$ 540 mil serao destinados pelo Estado e R$ 60 mil pela Prefeitura. Já as Prefeituras de Ribeirao Pires e Mauá pretendem seguir os moldes da instituiçao criada em Santo André.