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PT: Delúbio Soares pede afastamento do cargo
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06/07/2005 | 00:15
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Um mês depois de ter seu nome citado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como responsável pelo pagamento de mensalão a deputados do PP e do PL em troca de apoio ao governo Lula no Congresso, o secretário de Finanças do PT, Delúbio Soares, cedeu nesta terça-feira às pressões dos companheiros e enfim pediu licença do cargo. Resistiu muito antes disso, mas sua situação ficou insustentável depois de revelada a informação de que seu amigo, o publicitário Marcos Valério de Souza, foi avalista de um empréstimo de R$ 2,4 milhões para o PT em 2003 e ainda quitou parte da dívida. As agências de Valério mantêm contratos de R$ 144 milhões com o governo Lula.

Delúbio seguiu os passos do secretário-geral do partido, Silvio Pereira, que se afastou na véspera. Ciente de que se não tomasse a iniciativa corria o risco de ter sua licença levada a voto na reunião da executiva do partido nesta terça-feira, o tesoureiro, chefe de um cofre de R$ 48 milhões, preparou sua carta e pedido de licença na noite de segunda-feira.

"Não temo. Tenho a plena consciência de nunca haver transgredido os princípios éticos da prática política. Prova eloqüente disso é meu reduzido patrimônio", afirmou Delúbio na nota enviada à executiva do partido, que se reuniu em caráter emergencial para tratar das denúncias contra o PT. Assim como Pereira, Delúbio pediu afastamento da função "pelo tempo em que perdurar a apuração".

No discurso de cerca de 20 minutos durante a reunião, repetiu que Marcos Valério é seu amigo e não colocou em dúvida a idoneidade do publicitário. Explicou que Marcos Valério se ofereceu para servir de avalista e fez questão de preservar Genoino, isentando-o de responsabilidade sobre a negociação do empréstimo ou sobre informações erradas prestadas pelo companheiro sobre a dívida.

Fez uma exposição bastante contida, muito diferente da apresentação emocionada da reunião anterior da executiva – ao falar da juventude em Goiás –, ou do choro público em Goiânia, na semana passada. Na ocasião, atribuiu as denúncias a uma ação orquestrada contra o governo petista: "A direita e os conservadores querem fazer o impeachment do presidente Lula". Delúbio não ouviu cobranças sobre sua própria honestidade, mas vários integrantes da executiva criticaram a "falta de cuidado" ao escolher Valério como avalista. "Conduzi com seriedade e honestidade os assuntos financeiros do PT durante o tempo em que exerci a Secretaria de Finanças e Planejamento", afirma Delúbio na nota.

Substitutos – O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, está entre os nomes mais cotados para substituir Silvio Pereira na secretaria-geral petista. O ministro da Saúde, Humberto Costa, também tem sido citado. Costa deve deixar o primeiro escalão do governo após a reforma ministerial. Outro petista lembrado para a vaga é o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Os novos titulares da Secretaria de Finanças e da Secretaria-Geral do PT serão escolhidos na reunião do diretório nacional, no fim de semana, que vai tratar da recomposição da estrutura da executiva. Para o lugar de Delúbio, o diretor da Central Única dos Trabalhadores e ex-tesoureiro de campanhas do PT, João Vaccari Neto é lembrado com freqüência. "Não fui sondado", desconversou Vaccari.




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