Narradores de Javé, da andreense Eliane Caffé, foi o grande vencedor do Cine PE – Festival do Audiovisual em Recife. O filme ganhou oito prêmios quarta-feira, no encerramento do festival. Foram sete Calungas do júri oficial (filme, direção, som, montagem, ator para José Dumont, ator coadjuvante para Gero Camilo e atriz coadjuvante para Luci Pereira) e o prêmio da crítica. Durval Discos, de Anna Muylaert, ficou com três estatuetas: atriz para Etty Fraser, roteiro para a própria diretora, e direção de arte. Dois Perdidos numa Noite Suja, de José Joffily, ganhou figurino e fotografia, e Lua Cambará – Nas Escadarias do Palácio, de Rosemberg Cariri, ficou com trilha sonora.

O dramaturgo Luís Alberto de Abreu, de Ribeirão Pires, é o co-autor do roteiro Narradores de Javé junto com Eliane, repetindo a parceria de Kenoma (1998), longa de estréia da cineasta. No povoado de Javé, a tradição é transmitida oralmente de geração em geração. De repente, a construção de uma represa, cujas águas inundarão a região, ameaçam sua memória.

Os moradores do povoado decidem narrar seus mitos, casos e lendas para um escritor, que escolherá entre as versões de uma mesma história aquela que será registrada em livro, junto com o nome de seu autor, para posteridade. Também estão no elenco moradores das cidades baianas de Gameleira da Lapa, na região do rio São Francisco, e Lençóis, na Chapada Diamantina, cenários do filme.

Abreu e Eliane começaram a escrever após as filmagens de Kenoma. A diretora conheceu, no Vale do Jequitinhonha (MG), um carteiro que mantinha seu emprego e o movimento da agência do Correio em um lugarejo de analfabetos escrevendo cartas para pessoas de outras cidades e recebendo a correspondência de volta. Foi a inspiração para a roteiro.