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Orlando Morando, prefeito de S.Bernardo, coleciona episódios de traição a aliados políticos

O mais recente caso foi com João Doria; tucano também se virou contra Dib, Aécio e Alckmin

Da Redação
17/04/2022 | 06:09
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André Henriques/DGABC


No meio político, há uma espécie de código informal que, se for quebrado, coloca em risco a permanência na vida pública: a traição de um aliado. Nem mesmo eleitores perdoam.

No Grande ABC, o exemplo mais marcante é o do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB). Em sua trajteória, há pelo menos quatro episódios conhecidos de traição declarada (veja ao lado frases ditas por Orlando quando defendia os aliados e depois se virou contra).

A mais recente delas é com o ex-governador João Doria (PSDB), presidenciável da legenda e a quem Orlando fazia juras de fidelidade. Durante as prévias, Orlando estava na tropa de choque dele. Também aproveitou sua relação para trazer Doria 12 vezes a São Bernardo, muito além do que veio em qualquer outra cidade da região. Mas bastou Doria ter dado aquela titubeada na véspera de sua renúncia para que Orlando mudasse a bússola. Nos bastidores, chegou a dizer que a atitude era “molecagem” e, ao Diário, afirmou com todas as letras que não estaria na campanha presidencial dele. Há quem diga que o baixo desempenho nas pesquisas também tenha estimulado Orlando a pular do barco.

Mas essa prática remonta ao inicio da carreira de Orlando, quando virou as costas para o seu ‘criador’, o ex-prefeito de São Bernardo William Dib. Em 2007, o então chefe do Executivo anunciou a aguardada chapa governista para 2008: Mauricio Soares como cabeça de chapa e Orlando como vice. O tucano, então, convenceu Dib a desfazer a chapa e fazer dele próprio o candidato a prefeito. Sentindo-se traído, Mauricio abandonou o grupo e mudou de lado.

Naquela campanha, Orlando tentou esconder o governo de Dib, já demonstrando ingratidão ao experiente político. Resultado: Luiz Marinho (PT) ganhou, com a ajuda de Mauricio. Com a derrota, Orlando se virou contra Dib. Anos depois daquela disputa, trabalhou pela expulsão do ex-prefeito do PSDB. Em 2016, Dib afirmou ao Diário que sua saída do partido teve “dedo, mão e cabeça de Orlando Morando.”

Na eleição presidencial de 2014, quando Aécio Neves (PSDB) despontava com chances reais de vencer Dilma Rousseff (PT), Orlando encostou no mineiro. Chegou a dizer em entrevista que era “uma responsabilidade muito grande representar Aécio no Grande ABC”. Como é sabido, Aécio perdeu por pouco para a petista. E Orlando buscou se distanciar do candidato tucano, que não venceu.

Em 2019, trabalhou para expulsar o ex-governador mineiro. Não conseguiu: na executiva nacional, foram 30 votos pró-Aécio e quatro contra (um deles justamente de Orlando). À época, o tucano de São Bernardo alegou os processos enfrentados por Aécio para justificar sua expulsão. Em 2020, Orlando foi denunciado pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Prato Feito, que investigava denúncias de fraudes em contratos de merenda. E não há relatos de pedido de expulsão de Orlando do PSDB.

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB, ex-PSDB) é o caso mais gritante. Orlando sempre trocava cotoveladas com políticos para aparecer na foto ao lado dele. Apoiou quando Alckmin se cacifou para ser presidenciável em 2018. Mas o resultado ruim nas urnas (4,76% dos votos válidos) fez com que Orlando imediatemente pedisse a saída de Alckmin da presidência nacional do PSDB. Hoje, Alckmin não quer ouvir falar de Orlando. O ex-governador o conhece bem. 




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