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Ribeirão tem 'shopping do crime'
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
04/08/2006 | 07:37
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Mesmo colocando em prática uma operação especial, as polícias Civil e Militar não conseguiram desmantelar o shopping center do crime de Ribeirão Pires. A blitz não teve sucesso porque os criminosos foram avisados e conseguiram fugir. Uma fábrica abandonada no bairro Ouro Fino Paulista é um dos principais pontos de tráfico de drogas da cidade e serve como armazém de produtos roubados. A antiga firma, às margens da rodovia Índio Tibiriçá, ocupa uma área de aproximadamente 8 mil m². Nos galpões em ruínas vivem irregularmente cerca de 80 pessoas.

Segundo a polícia, o objetivo da ação era prender dois traficantes e apreender drogas e materiais roubados na fábrica desativada, onde funcionava a Búfalo Motores.

Ao todo, participaram 43 policiais, sendo 28 do 30º Batalhão da Polícia Militar e 15 da Polícia Civil, além de investigadores da delegacia do município e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de Santo André. Foram empregadas 20 viaturas.

Apesar do efetivo policial, a operação não surtiu o efeito esperado. "Provavelmente, algum olheiro da área percebeu a aproximação policial e avisou quem deveria fugir, levando consigo entorpecentes e produtos ilícitos", afirmou o delegado-titular de Ribeirão Pires, Augusto Farias, que chefiou a ação.

O principal alvo da operação era a prisão de uma mulher identificada como Nena. Ela seria a responsável por organizar todo o tráfico da área. A fábrica funcionaria como um ponto de distribuição de drogas para diversas biqueiras – pontos de tráfico – instaladas no município.

Nena também seria a encarregada de receber vários produtos roubados em ações criminosas realizadas na região e viabilizar a revenda dos materiais. Outro traficante e parceiro de Nena é um homem identificado como Jorge.

"Eles devem ter fugido pela mata que cerca o local. Deu para perceber, nas acomodações, que as pessoas escaparam de maneira rápida. Nas últimas semanas, foram registrados quatro casos de apreensões de droga nas imediações da fábrica. Alguns entorpecentes são colocados próximos de tubulações para o receptor pegá-los lá. Esse é um método para dificultar a identificação do proprietário da droga", disse o delegado Farias.

Munidos com um mandado de busca e apreensão, às 13h30 de quinta-feira os policiais entraram no terreno da fábrica. No momento da ação, havia cerca de 40 pessoas. Todas foram revistadas e cadastradas.

Habitam a firma abandonada muitos ex-moradores de rua e catadores de papelão e material reciclável, bem como seus filhos. Alguns ficaram assustados com o aparato policial. "Não devo nada para ninguém e não tenho o que esconder. Por isso, não tive medo da revista", falou o catador Marcelo Souza, 33 anos.

"Como em todo lugar, aqui vivem pessoas boas e ruins. Muita gente entra e sai da fábrica, não dá para saber quem é criminoso ou não", opinou o flanelinha Jorge Barbosa, 23.

Depois de duas horas de operação, três suspeitos foram levados para a delegacia e apenas um ficou preso. Sérgio Pereira de Oliveira, 23, foi detido por porte ilegal de munição. Com ele, a polícia encontrou quatro balas de revólver calibre 22. Além disso, Oliveira portava um RG que havia sido roubado.

Um rapaz foi autuado por porte de entorpecentes e liberado em seguida, pois estava com um papelote de cocaína. A terceira pessoa também foi liberada por falta de provas.




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