Pio Mielo assegura que mesa enviará ofício ao governo interino cobrando respostas sobre contrato de cesta básica que tem preços acima do mercado
A Câmara de São Caetano, presidida por Pio Mielo (PSDB), vai questionar o governo interino de Tite Campanella (Cidadania) sobre contrato de fornecimento de cesta básica que registra sobrepreço de até 40% de alimentos, fato revelado pelo Diário no domingo.
Na sessão de ontem, Pio afirmou que a mesa diretora enviará ofício nos próximos dias à gestão interina cobrando respostas sobre o acordo, assinado com a Tegeda Comercialização e Distribuição Ltda, com sede na cidade e de propriedade de Otávio Gottardi Filho. O documento será endereçado à secretária de Assistência e Inclusão Social, Marisa Catalão, que já era a chefe da pasta na época em que o contrato foi celebrado, em 2019.
Paralelamente, o oposicionista Jander Lira (DEM) também antecipou que, para a próxima sessão, apresentará requerimento convocando Marisa a ir ao Legislativo prestar esclarecimentos. “Na condição de presidente da Câmara, farei ofício à secretaria, que a partir da reportagem do Diário posicione a presidência. (O requerimento de Jander e o ofício da presidência) São coisas independentes. Independentemente disso (do pedido de convocação), a presidência fará um ofício para que ela (secretária) explique as informações. A mesa não pode, não deve e jamais prevaricou. Não vai deixar de colocar em pauta qualquer requerimento, seja pedido de CPI, de convocação ou pedidos de informações”, frisou Pio, ao emendar que é pessoalmente favorável à ida de Marisa à casa. “Eu, como presidente, não voto, mas se votasse, seria ‘sim’. Estamos aqui para buscar toda e qualquer tipo de informação.”
As convocações de integrantes do primeiro escalão do Palácio da Cerâmica têm sido derrubadas em plenário pela base governista. Recentemente, parlamentares pró-Tite barraram a ida do secretário Fabrício Coutinho (Educação) para explicar diversas polêmicas envolvendo a pasta, como a suspensão do pagamento do auxílio-merenda.
O Diário mostrou no domingo que o governo Tite paga à Tegeda R$ 207,36 por cesta básica composta por 26 itens alimentícios, destinada a famílias de baixa renda. A equipe de reportagem, porém, foi a tradicional supermercado do município e comprou os mesmos produtos – em quantidades e pesos idênticos – por R$ 170,58. Em geral, a economia chegou a 17,74%.
Alguns dos alimentos registram sobrepreço de até 40,4%, como no caso do arroz branco (pacote de cinco quilos), a despeito do momento de pandemia e de inflação dos alimentos. Enquanto Tite paga à firma de Otávio R$ 27,80 a unidade (da marca Tio João), o Diário comprou o mesmo produto por R$ 19,80 – fabricante Camil, empresa sugerida pela própria administração no âmbito do contrato. Outro exemplo é o pote de óleo de soja: R$ 7,90 cobrados pela Tegeda, ante R$ 7,19 pagos pelo Diário.
Tanto o governo Tite quanto a própria Tegeda refutam existência de sobrepreço e citam que os valores incluem despesas com transporte e entrega das cestas. Líder do governo interino na casa, Gilberto Costa (Avante) não quis se manifestar sobre o caso, mas que vê “com tranquilidade” contratos celebrados por meio de licitação, embora a Prefeitura omita dados da concorrência no Portal da Transparência.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.