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Bolsonaro sabe que está em baixa e perderia eleição hoje, diz Boulos

Ex-presidenciável atribui teima do presidente em voto impresso a receio de derrota em 2022

Fábio Martins
Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
27/08/2021 | 00:59
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Claudinei Plaza/ DGABC


Expoente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos (Psol) atribuiu a teima do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na pauta do voto impresso, já derrotada na Câmara dos Deputados, ao receio de derrota nas eleições do ano que vem. Para o ex-presidenciável, o discurso mira o “tumulto” e o caos político.

Boulos desembarcou na região nesta semana para cumprir agendas em prefeituras do PT em Diadema e Mauá e para se reunir com movimento sindical em Santo André, onde também visitou a sede do Diário. “Vamos falar o português claro: a questão dele (Bolsonaro) não é transparência eleitoral. (Se fosse) Ele estaria preocupado com a transparência da democracia. Os Estados Unidos têm voto impresso e isso não o impediu de sair gritando que a eleição do (ex-presidente norte-americano Donald) Trump foi fraudada. A questão central é que ele quer ter elemento de tumulto, de criação de caos, porque sabe que a popularidade dele está em baixa e, se a eleição fosse hoje, estaria derrotado”, criticou Boulos, que travou embates com o hoje presidente durante as eleições de 2018.

A impopularidade de Bolsonaro chegou a 51%, patamar negativo mais alto desde o início do mandato, em janeiro de 2019, segundo pesquisa Datafolha divulgada no mês passado. O índice do que aprovam o governo do presidente estacionou em 24%, se comparados os números com o levantamento de maio.

Boulos atacou ainda os flertes de Bolsonaro com o golpismo. O presidente tem subido o tom dos ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), apesar de alegar que atua “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Na semana passada, Bolsonaro ingressou com inédito pedido de impeachment partindo do próprio presidente da República, do ministro Alexandre de Moraes – foi rejeitado na quarta-feira pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “É muito preocupante o que está acontecendo vindo do Bolsonaro. Aos olhos de todo o País, ele estimula o golpe. Chama as Forças Armadas para fazer desfile no dia de uma votação (da emenda constitucional que resgataria o voto impresso). Depois da matéria ter sido rejeitada no Congresso, ele volta a insistir no tema”, citou. “Ele quer organizar a turma dele para se manter no poder no tapetão.”

A visita de Boulos a petistas graúdos, como o prefeito diademense José de Filippi Júnior, alimenta as especulações sobre a possibilidade de PT e Psol firmarem aliança na disputa pelo governo do Estado no pleito do ano que vem. Próximo do ex-presidente Lula, Filippi também foi secretário do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), da Capital, nome do petismo para a corrida pelo Palácio dos Bandeirantes. “Passou da hora de construir projeto de mudança. Estou muito empenhado para diálogo com campo progressista no Estado, partidos do campo progressista, lideranças sociais, lideranças políticas. Para que a gente possa construir projeto de mudança. Esse giro, que chamamos de virada paulista, tem objetivo de ouvir cada região”, disse.

Na eleição do ano passado na Capital, Boulos chegou ao segundo turno contra o então prefeito Bruno Covas (PSDB, morto em maio), mas foi derrotado pelo tucano.

Boulos confirmou que os partidos de oposição a Bolsonaro decidiram transferir o palco do chamado Grito dos Excluídos, protesto contra o governo federal, da Avenida Paulista para o Vale do Anhagabaú, no dia 7 de setembro. A avenida ficará com os atos pró-Bolsonaro.




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