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Rio Grande quer legalizar pancadão
em área ao lado do estádio municipal

Prefeitura planeja permitir que jovens ouçam som alto em carros em terreno, mas promete fiscalizar

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
13/08/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


Prefeito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (PSDB) quer criar na cidade o primeiro pancadão legalizado do Grande ABC. Conforme declarações do chefe do Executivo em live veiculada em seus perfis oficiais, o evento seria realizado em área que fica ao lado do estádio municipal. A ideia do prefeito é utilizar o espaço para que os jovens estacionem seus automóveis e possam ligar o som alto sem incomodar moradores, já que o local escolhido não tem residências ao redor.

“Nós vamos criar, na cidade, nesse espaço, o primeiro pancadão legalizado. Você que gosta de som, mas não tem um lugar (para ouvir), agora vai ter. Aqui, o espaço vai ser para isso”, declarou o prefeito, enquanto transmitia o vídeo.

Os pancadões são festas normalmente realizadas de forma clandestina nas ruas, onde jovens se juntam para ouvir música em alto volume. Os eventos são polêmicos, pois, conforme moradores que vivem próximos aos locais onde ocorrem estas festas, há sujeira, violência e abuso de drogas.

De acordo com a Prefeitura, os moradores que quiserem participar do evento serão cadastrados. “Haverá previamente o cadastro dos veículos que poderão participar do evento, desde que estejam com a documentação dos carros em dia. A previsão de início (dos eventos) é pós-pandemia, em horários preestabelecidos. E haverá fiscalização pela GCM (Guarda Civil Municipal), que também fará a segurança”, explicou o Paço, em nota. No vídeo, Claudinho da Geladeira disse que a intenção é que as festas ocorram das 17h até a meia-noite.

Claudinho da Geladeira argumenta que a ideia de criar o evento se deu em razão da falta de opções de diversão para os moradores. “Nossos jovens hoje, infelizmente, não têm um local apropriado na cidade para ouvirem o seu som, muitas vezes incomodam os vizinhos, idosos, crianças e acamados. Tomamos essa medida para proporcionar para os jovens o seu lazer. Após a pandemia terão um local para se divertir com segurança e cumprindo as regras”, disse o prefeito.

Durante a transmissão do vídeo, Claudinho da Geladeira disse que existe a intenção de legalizar o evento junto aos vereadores, o que poderia ser feito por meio de projeto de lei, e que os pancadões vão poder ser realizados toda semana.

Para o especialista em segurança pública e privada e pesquisador criminal Jorge Lordello, qualquer ação em que o poder público atue para legalizar algo pode trazer pontos positivos. “Jovem sempre busca atividade de lazer. A gente sabe que o pancadão nasce em locais onde o poder público não alcança, exatamente na questão de lazer, então, quando há ausência de poder público acaba nascendo esses fenômenos sociais. O problema é quando um pancadão cresce muito e foge do controle. É nesse momento que o poder público atua e acaba reprimindo a ação. Acredito que as administrações públicas têm que se antecipar a isso e a legalização é um caminho. Se houver triagem, fiscalização, os problemas podem ser controlados”, avaliou o especialista.

Prefeito visa local para munícipe empinar moto

Além da área legalizada para o pancadão, Claudinho da Geladeira (PSDB) também planeja separar local no terreno ao lado do estádio municipal para que os donos de motocicletas possam se reunir e realizar manobras conhecidas como grau, quando o condutor empina a moto e anda apenas com uma das rodas no chão. A ação, em via pública, é vedada pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), gera multa de R$ 293,47 e suspende o direito de dirigir de dois a oito meses. Na legislação, no entanto, não há citação sobre a prática em área reservada.

“Também tenho uma ideia para os motoqueiros. Vocês que gostam de fazer o grau, que pega a moto, levanta e anda em uma roda só, então, nós vamos ter um espaço de asfalto (para isso). Aí, aos domingos, vocês vão lá e extravasam, fazem o grau para lá e para cá, mas tudo no limite, para que não causem acidente”, disse o prefeito em transmissão nas redes sociais.

O presidente da CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo), Firmo Henrique Alves, afirmou que empinar motocicleta não pode ser considerado um esporte. “A intenção pode até ser boa, que é tirar (os motociclistas) da rua e levar para um lugar mais seguro. Entretanto, se ocorrer algum acidente, ele (o prefeito) poderá ser responsabilizado”, comentou.

Claudinho da Geladeira ainda declarou que tem a ideia de separar outro local na cidade para que os moradores possam soltar pipas tranquilamente. “Pipódromo, parece bobagem o que estou falando, mas não é. Vamos soltar pipa em um lugar certinho, mas com segurança”, declarou o prefeito.




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