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Desemprego de quase 15% da população? Bobagem: o ministro pôs a culpa no IBGE. Quase 600 mil mortos na pandemia? Bobagem: o ritmo se reduziu

Carlos Brickmann
04/08/2021 | 01:36
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Desemprego de quase 15% da população? Bobagem: o ministro pôs a culpa no IBGE. Quase 600 mil mortos na pandemia? Bobagem: o ritmo se reduziu, morrem menos de 1.000 por dia, no máximo o equivalente a cinco desastres do avião da TAM em Congonhas. Preços da comida multiplicados? Bobagem: quem comia carne nem lembra mais como era, quem comia frango come ovo, quem comia ovo irá, um dia desses, receber a nova Bolsa Família.

O governo tem coisas mais importantes a fazer: por exemplo, condecorar a primeira-dama Michelle Bolsonaro com a medalha do mérito Oswaldo Cruz, destinada a pessoas com atuação destacada “no campo das atividades científicas, educacionais, culturais e administrativas” que obtêm “resultados benéficos à saúde física e mental dos brasileiros”. Além de sua mulher, Bolsonaro condecorou seus ministros da Educação, Comunicação, Turismo, Relações Exteriores. Outros beneméritos homenageados são os presidentes da Câmara e do Senado. E que é que fizeram para receber esta bela homenagem, com o nome de Oswaldo Cruz, pai da vacinação no Brasil?

O ministro do Turismo, por exemplo, levou cinco assessores para reunião internacional, onde havia três vagas para o Brasil, incluindo a dele. Um bom passeio é benéfico à saúde física e mental de qualquer pessoa, e os caronas são brasileiros. Foi este ministro que, na sanfona, fazendo a trilha sonora de Bolsonaro, destroçou a Ave Maria, alegrando quem odeia música.

E Michelle?
A primeira-dama é motivo de orgulho para seu marido presidente. Pois não é que, percebendo como o frio maltratava os moradores de rua, foi à luta e conseguiu 148 agasalhos para doar aos pobres? Como o passarinho jogando água com o bico num dos incêndios da Amazônia, ela fez sua parte. Foi de coração, fez o melhor que pôde. E conseguiu 148 agasalhos (número oficial) sozinha, sem ter sequer um Queiroz para ajudá-la. Tudo sozinha, apenas com os meios de que dispunha: carro oficial, seguranças e motorista.

A patriota
É a terceira condecoração que a mulher de Bolsonaro recebe em seu governo. Já ganhou a medalha da vitória, que normalmente é concedida a quem contribuiu para divulgar a coragem dos soldados que combateram o fascismo na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, participou de conflitos internacionais defendendo o Brasil ou integrou missões de paz. Foi agraciada com a Ordem do Mérito da Defesa, destinada a homenagear quem prestou “relevantes serviços ao Ministério da Defesa ou às Forças Armadas do Brasil”. E agora recebe a medalha do mérito Oswaldo Cruz, categoria ouro, a mais alta. O caro leitor não sabe o que foi que Michelle fez para receber as medalhas? Vá pesquisar, uai! Este colunista é que não vai combater sua ignorância sobre o tema – até porque também não sabe.

A recordista
O fato é que Michelle tem mais medalhas do que a olímpica Rebeca.

O recordista
Ciro Nogueira, o novo e todo-poderoso chefe da Casa Civil de Bolsonaro, assumiu o cargo e deixou a cadeira no Senado para sua suplente – a própria mãe. Ciro joga o jogo: nos 26 anos em que foi deputado e senador, nomeou o pai, a mãe e os quatro irmãos para, digamos, trabalhar a seu lado. A família acima de tudo – que belo exemplo de amor ao lar! Ciro merece o que vem por aí: é um superministro, como antes dele foram Sergio Moro e o Posto Ipiranga Paulo Guedes. Seu único problema é, como eles, pensar que manda.

Fazendo as contas
O senador gaúcho Luis Carlos Heinze, do PP, da tropa de choque do presidente, se orgulha de dizer que trabalha muito e faz 300 ligações de celular por dia. A menos que seja como o João Doria ou o José Serra, que dormem quatro horas por noite, Heinze deve ficar acordado 16 horas diárias, a média dos seres humanos. E vamos às contas: mesmo que seja The Flash e consiga fazer ligações de no máximo três minutos, ficará 56,75 minutos por hora no celular. Em que tempo consegue realizar o restante de suas atividades básicas – decorar o que o Gabinete do Ódio manda repetir, trabalhar em projetos para o País, dedicar-se àquilo que o presidente chama de discursos e o resto do País apelidou de número dois, traçar um espeto corrido, tomar um chimarrão, vestir-se? Um fenômeno.

Inculta Flor do Lácio
O governador João Doria inaugurou o Museu da Língua Portuguesa (uma beleza: bem melhor do que o que pegou fogo, e que já era muito bom) e convidou todos os ex-presidentes da República, mais os presidentes de todos os países de língua portuguesa. Marcelo Rebelo, de Portugal, e Jorge Fonseca, de Cabo Verde, vieram. Angola mandou o ministro da Cultura. Temer e Fernando Henrique compareceram. Sarney teve um problema de saúde. Bolsonaro, Lula, Dilma, Collor? Esse negócio de cultura é chato! 




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