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Pesquisa sobre raios atrai PhD ao Grande ABC
Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
29/07/2005 | 08:16
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A alta incidência de raios no Grande ABC voltou a ser assunto na região quinta-feira, quando um dos maiores especialistas do mundo no assunto, o físico norte-americano Earle Williams, visitou os laboratórios da Fei (Fundação Educacional Inaciana), em São Bernardo. O doutor em Geofísica integra as atividades do Projeto Relâmpago desde o ano passado, quando veio pela primeira vez conhecer o trabalho da universidade relacionado à atividade elétrica das tempestades, realizado desde 2002. Williams ficou empolgado com o estudo realizado na cidade por estudantes, técnicos e profissionais da área e passou a fazer parte da pesquisa.

Para se ter uma idéia da importância da abordagem do tema no âmbito regional, basta lembrar que estudo recente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) colocou São Caetano no topo do ranking de queda de raios por quilômetro quadrado entre todas as cidades do Sudeste do país (veja quadro ao lado). Surpreendentemente, outras três cidades do Grande ABC aparecem entre as 10 primeiras dessa classificação - Mauá está em segundo lugar, Diadema em 5º e Santo André em 7º. Ribeirão Pires e São Bernardo figuram em 17º e 23º lugar, respectivamente.

"A região da Grande São Paulo é bastante ativa no que diz respeito aos raios. Áreas como o Grande ABC têm características típicas de grandes centros urbanos que geram muito calor, com o agravante do fator poluição. Assim, as nuvens têm muita atividade e por isso há grande incidência de raios", explica a professora do departamento de Física da Fei e coordenadora do Projeto Relâmpago, Rosângela Gin. Ela acredita que já a partir do próximo verão os esforços dos estudantes e pesquisadores da universidade se refletirão em auxílio para setores como a Defesa Civil de São Bernardo. "A região costuma ser atingida por tempestades severas e, se conseguirmos prevê-las, podemos apoiar o pessoal da Defesa e a Eletropaulo. Isso minimizaria as conseqüências", completa.

Rosângela ressalta, entretanto, que não basta coletar as informações, mas analisá-las, o que talvez demande mais tempo para resultar na aplicação prática que viria em benefício das ações organizadas na região em épocas de chuvas. Atualmente, o grupo conta com apenas um módulo de monitoramento instalado na área da Fei, no bairro Assunção, que permite visualizar 20 quilômetros nos arredores. No próximo verão, o objetivo é monitorar áreas da capital a partir de um módulo instalado na USP (Universidade de São Paulo), na zona Oeste, e outro colocado na zona Leste.

Os primeiros resultados conclusivos da longa pesquisa do grupo serão reunidos em trabalho de caráter científico a ser divulgado a partir de setembro. Rosângela Gin adianta apenas que a intervenção nociva do homem na natureza tem provocado conseqüências sérias quando o assunto são as descargas elétricas. "Em 2001, morreram 20 pessoas em São Paulo devido aos relâmpagos. É um índice muito alto", reflete a pesquisadora Rosângela Gin. Ela não sabe informar, no entanto, números específicos da região. Alega que não existe sistema que centralize tais informações de acidentes provocados por raios.

PhD - Earle Williams é considerado uma das maiores autoridades do mundo quando o assunto é raio. Ele é pesquisador do MIT (Massachusetts Institute of Technology), instituto norte-americano, e interessou-se por pesquisas no Brasil desde que - a partir de monitoramentos nos EUA - observou que o Brasil e o continente africano possuem forte potencial de atividade elétrica na atmosfera.




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