Política Titulo
Freire com língua ferina
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
02/08/2010 | 07:08
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Críticas veladas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para a escolha do governo para sucedê-lo, a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), com pitada de elogios ao candidato tucano à Presidência pelo PSDB, José Serra.

É esse o comportamento do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que esteve em Santo André na terça-feira e concedeu entrevista exclusiva à equipe do Diário. "Se já não é bom com Lula, imagine com Dilma? Aliás, ela nem do PT é direito (participou da fundação do PDT no fim da década de 1970 e em 2001 entrou para os quadros petistas)", dispara o popular-socialista.

As alfinetadas no presidente e em seu governo não são muito comuns, pois a popularidade do petista e a aprovação da condução do País à frente do Palácio do Planalto inibem críticas dos adversários. Mas não é o caso de Roberto Freire, que defende comparações.

"Mas não podemos comparar o Brasil com o Brasil. Temos de comparar com outros países semelhantes. Nós evoluímos internamente, mas em relação a outras nações ficamos para trás. É só pegar o relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Pioramos a colocação em desigualdade (com o novo método de análise, o País cai 19% no Índice de Desenvolvimento Humano e fica em oitavo lugar na América Latina). Isso ninguém fala", discorre o candidato a deputado federal, agora por São Paulo.

Em seguida, enfatiza: "A sociedade brasileira é uma das mais injustas do mundo Tem de parar com essa euforia. O último governo não fez nada para melhorar". Indagado se vai sugerir ao presidenciável tucano engrossar o discurso nesse sentido - é do grupo de conselheiros da campanha do PSDB -, frisa que Serra é independente. "E eu também sou. Eu não interfiro na postura dele e ele não interfere na minha. Se ele adotar (o discurso), tudo bem."

O presidente do PPS ressalta ainda que Lula protagoniza "um dos governos mais conservadores, que concentra renda e privilegia o setor econômico". "Tem proximidade com os coronéis, que sempre fizeram isso. Ele faz política compensatória. Serra é mais de esquerda que o Lula. Sempre, não é de hoje."

 

 

Popular-socialista defende reforma política

Para Roberto Freire, independentemente de quem o eleitor brasileiro escolha para sentar na principal cadeira do País, a reforma política sairá, enfim, do papel. Esse é um assunto que estará na pauta do próximo mandato (2011 a 2014).

O popular-socialista é a favor do voto distrital misto, sistema em que a metade das vagas é distribuída pela regra proporcional (com lista fechada de candidatos) e a outra metade pelo sistema distrital, com os eleitores votando em postulantes de sua localidade.

Outra mudança defendida pelo presidente do PPS é o financiamento público de campanha. "Mas com possibilidade de doações feitas por pessoa física, com limite estabelecido a partir de seu Imposto de Renda."

Uma das principais críticas ao atual sistema é quanto aos prazos de divulgação das campanhas. Roberto Freire destaca que "tem de proibir o uso da máquina pública" no período eleitoral e fixar datas para o início e fim das divulgações em televisão e rádio. "O restante tem de ser liberado. Sou político e falo todos os dias de política. Tenho de falar das minhas propostas, minhas ideias, o que defendo... É um atentado à minha liberdade."

Sobre as multas conferidas aos candidatos por campanha antecipada, principalmente pelo presidente Lula, o popular-socialista é enfático. "Existem regras e têm de ser respeitadas. Teria de dar o exemplo. Mas na atividade política o crime compensa."

 




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