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PT é colocado no diva pelos próprios militantes em Brasília
Do Diário do Grande ABC
09/10/1999 | 10:56
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Depois de 20 anos de existência, o PT foi colocado no diva pelos seus próprios militantes.

Nas teses para o II Congresso proliferam críticas ácidas sobre a experiência do partido, que nao teria perdido apenas seu vigor inicial mas também estaria se transformando num partido tradicional.

Os principais dirigentes do PT dizem que está na hora de sacudir o partido, mas divergem quanto à receita.

"Hoje há, no debate interno do partido, um padrao de intolerância pouco aberto às diferenças, pouco preocupado com a unidade, que assume práticas políticas típicas dos partidos e instituiçoes burguesas", declara a tese Reconstruir a Utopia Socialista, assinada pelo ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, e o deputado estadual Chico Alencar (PT-RJ).

As principais críticas se referem à falta de democracia interna e ao peso cada vez maior que se dá no partido às disputas eleitorais e à atuaçao institucional.

"O grande problema do PT é o de nao ter vida interna como partido, é o de nao ter nenhum espaço para participaçao dos filiados que nao sao da direçao ou nao têm mandato parlamentar. É o de funcionar cada vez mais como um partido de dirigentes e de gabinetes", diz documento (Uma Crítica ao Programa da Revoluçao Democrática) assinado pelo prefeito de Porto Alegre, Raul Pont, e pela senadora Heloísa Helena (PT-AL).

O partido que foi criado para mudar a prática política no país, de acordo com seus militantes, vive às voltas com filiaçoes em massa para garantir maiorias internas artificiais e com a formaçao de núcleos fantasmas para aumentar o número de delegados nos encontros partidários.

O líder do PT na Câmara, deputado José Genoino (SP), acredita que o fim das tendências internas é a melhor maneira para revitalizar o PT.

"As tendências estao superadas. Elas estao mais voltadas para conquistar espaço na máquina partidária do que interessadas em debater idéias", declara Genoino.

O presidente do PT e candidato à reeleiçao, José Dirceu (SP), também pretende enfraquecer as tendências através da realizaçao de eleiçoes diretas para todos os cargos de direçao partidária.

Assim, as personalidades do partido mais conhecidas da opiniao pública teriam mais poder, reduzindo a força da burocracia partidária.

"Nós temos que abrir as portas do PT e trazer de volta milhares de militantes e simpatizantes que nao encontram espaço na atual estrutura", declara José Dirceu.

Esta proposta, entretanto, é recebida com reservas por muitos líderes partidários.

"Defender estruturas menos rígidas é diferente de permitir que o comando do partido seja eleito por filiaçoes sem critério e de pessoas estranhas à nossa luta", adverte Chinaglia.

Para o deputado Milton Temer o caminho mais adequado é reafirmar o caráter de partido de massa do PT e, ao mesmo tempo, a idéia de um partido de militância.

"Nós nao queremos sobreviver como uma seita, mas também nao podemos nos transformar num partido parlamentar, governado por notáveis na opiniao pública", critica Temer.




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