Política Titulo Perda de popularidade
Prefeitos do Grande ABC se afastam de Bolsonaro

Políticos do Grande ABC têm expectativa de sinais positivos com reformas, mas pregam efetividade

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
14/10/2019 | 07:00
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Fotos Públicas


Parte dos prefeitos do Grande ABC adota tom de cautela em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), que exerce o décimo mês de mandato no Palácio do Planalto, mas sinaliza discurso de distanciamento em momento de perda de popularidade do capitão reformado. Embora o contexto de reformas ainda seja de expectativa positiva das figuras políticas – assim como no meio empresarial –, a postura ideológica acentuada do presidente atrelada à maioria dos projetos encampados, se esquecendo de tratar de plano municipalista, tem provocado indicativos de afastamento até mesmo entre aqueles que declararam voto a Bolsonaro na eleição do ano passado.

Do ponto de vista prático, a região viu poucas ações efetivas do governo federal no que tange a novos programas. O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que divulgou preferência pelo nome do PSL há um ano, ponderou que considerando que a reforma da Previdência, ainda em trâmite, não foi finalizada “é até compreensível que não haja novas parcerias” em negociação. “Espero que no ano que vem, com as aprovações necessárias e sem comprometer o período (restritivo) das campanhas, exista algo com mais eficácia”, alegou, ao acrescentar que o governador paulista, João Doria (PSDB), demonstra no mesmo período “mais dinamismo”. “Isso é inegável, mas a expectativa (sobre Bolsonaro) para 2020 é melhor, quero continuar acreditando nisso.” 

Levantamento do Diário mostrou que a União reduziu em 10,36% o volume de repasses federais voluntários às sete cidades na comparação entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2018, da gestão Michel Temer (MDB). O emedebista transferiu R$ 654,5 milhões, enquanto Bolsonaro depositou R$ 586,7 milhões. O montante corresponde a valores contratados, como obras de infraestrutura, saneamento e construção de moradias populares, e não a recursos carimbados. 

Chefe do Executivo de Santo André e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Paulo Serra (PSDB), que também declarou voto em Bolsonaro, sustentou que para analisar o governo “é preciso separar” a administração do ponto de vista econômico com a questão política. Para o tucano, as medidas da equipe financeira “são acertadas na imensa maioria e têm boas chances de surtirem efeitos” favoráveis. Citou, contudo, que Bolsonaro “tem perdido oportunidades” de fazer diferente, “focando em questões ideológicas e até pessoais”. “Não entro no mérito do que ele pensa, ideologicamente. A única coisa que critico é a perda de oportunidades, como na assembleia geral da ONU, de discutir a economia, investimentos no Brasil e geração de empregos.”

José Auricchio Júnior (PSDB), de São Caetano, não manifestou voto no segundo turno. Segundo ele, há descontentamento entre prefeitos na esfera nacional, atentando que os dois maiores fiadores do governo estão desgastados. “(Sergio)</CF> Moro (da Justiça), com esse vaivém e denúncias do The Intercept, teve desgaste da imagem, a despeito de manter credibilidade junto à sociedade. Paulo Guedes, fiador da Economia, se precipitou em relação às metas do primeiro ano. O próprio Bolsonaro cobra publicamente. Há tensão intergovernamental, desencontro de informações, clima beligerante da imprensa com o presidente, com governadores, antecipação absurda do processo da eleição de 2022.” 




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