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A esperança é verde

A pouco menos de uma semana do início da Rio+20...

Cristina Baddini
08/06/2012 | 00:00
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A pouco menos de uma semana do início da Rio+20, é bom fazer uma reflexão sobre como caminhamos nesses últimos 20 anos, pois o Brasil ainda ocupa o 17º lugar na lista dos países que mais poluem. A proposta da Rio+20 será debater com a presença de milhares de pessoas, dentre as quais mais de 100 chefes de Estado, como caminhar para viver em um planeta sustentável, considerando as vertentes ambientais, econômicas e sociais. 

Nós, os moradores das cidades, e que representamos 80% dos brasileiros, não podemos nem devemos cruzar os braços e deixar de ser pessoas ambientalmente responsáveis. Todos sabemos que atualmente o tráfego urbano motorizado é o maior problema ambiental das grandes cidades. Não podemos suportar mais o aumento constante dos níveis de contaminação do ar, dos níveis de ruído e o elevado consumo de combustíveis não-renováveis, assim como a ocupação de áreas urbanas que poderiam ser destinadas para outros usos. Também os problemas de congestionamento e acidentes são consequência da atual estruturação urbana.

Imobilidade em alta

O que estamos sentindo é que o modelo de cidades espraiadas se esgotou. Modelo esse em que a indústria automobilística e a de construção civil se juntaram e as pessoas, para morar, necessitam sempre da posse de carros, condição hoje dividida com as motos, razoavelmente acessíveis aos extratos mais jovens e pobres da população. 

O automóvel irrompe o século 21 como um dos agentes efetivos da ineficiência das metrópoles e médias cidades, promovendo custos ambientais de alta monta e aumentando o tempo perdido. No dia a dia das cidades congestionadas, apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros, pagando mais por isso. 

O crescente contingente de automóveis particulares cruza nossas cidades sem que seus fabricantes, revendedores e proprietários sejam sequer indagados a respeito do impacto ambiental que causam. A questão é perguntar por que o conjunto dos automóveis fica livre de algo análogo ao EIA (Estudo de Impacto Ambiental)/RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) - procedimentos justamente obrigatórios para uma série de atividades urbanas, incluindo a implantação de linhas de metrô e de corredores de ônibus.

Rio + 20

O evento serve como uma plataforma de comunicação para a discussão da mobilidade para cidades sustentáveis. Será uma boa oportunidade de debate e promoção de informações que resultarão em soluções sustentáveis e eficientes entre sociedade, mobilidade e tecnologia. 

É preciso defender medidas para que o automóvel seja adequadamente taxado por sua ineficiência energética, pelo impacto ambiental que causa, sugerindo que os recursos daí advindos sejam empregados diretamente na melhoria dos sistemas de transporte coletivo para toda a sociedade.

Desafios

Neste momento os desafios urbanos na questão da mobilidade são muitos. A Copa 2014 e os investimentos que virão com o PAC Mobilidade nos colocam numa perspectiva de melhoria da qualidade de vida das cidades. 
A priorização do transporte público é ponto pacífico nessa discussão. Um sistema com qualidade para o usuário, reduzindo tempo de viagem e garantindo confiabilidade e pontualidade nos serviços prestados é fundamental.

Cabe a cada um de nós esmiuçar soluções e adotar ações pessoais, além de cobrar dos governantes o repovoamento de áreas vazias e subutilizadas, a melhoria da mobilidade, a priorização do transporte coletivo e ações que promovam a proximidade do emprego em relação à moradia, recuperação de calçadas e travessias, a construção de ciclovias e, de quebra, o necessário aumento da drenagem, com a ampliação das áreas verdes e parques. 

O caminho está aberto e cheio de alternativas, mas, realmente é preciso um ‘rearranjo verde' de nossa sociedade. A Rio+20 é uma boa alternativa para repensarmos nossas vidas.




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