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De volta, Atila diz não temer ser preso outra vez

Prefeito de Mauá retornou ontem ao cargo, após 66 dias afastado, sem presença de Alaíde Damo

Júnior Carvalho
do dgabc.com.br
19/02/2019 | 07:00
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Divulgação/PMM


O prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), retornou ontem ao cargo após 66 dias afastado do posto devido à prisão, em dezembro. Em sua primeira aparição pública após conquistar a liberdade, o socialista disse que não teme a possibilidade de ser preso novamente. “Eu só temo a Deus, a quem eu me ajoelho”, afirmou.

Atila comunicou oficialmente a Câmara sobre seu retorno pela manhã e, à tarde, foi empossado pelo presidente da Casa, Vanderley Cavalcante da Silva, o Neycar (SD), sem a presença da prefeita interina Alaíde Damo (MDB) nem de qualquer outro representante do governo provisório.

O socialista chegou ao Paço, de carro, por volta das 14h30, cumprimentou aliados que o aguardavam na entrada do prédio e, em seguida, entrou na Prefeitura. Minutos depois, Atila acenou à claque de apoiadores, pela janela do Paço, segurando uma bandeira de Mauá, repetindo o gesto que fez em setembro, quando retornou ao cargo após a primeira prisão. Instantes depois, o prefeito fez breve ato com aliados, no anfiteatro do Paço, antes de atender aos jornalistas. Em fotos divulgadas pela assessoria, ele aparece carregado por grupo de aliados.

No discurso inicial, Atila falou em recomeço e lamentou a tragédia que atingiu a cidade no fim de semana, quando quatro crianças morreram em decorrência de deslizamentos no Jardim Zaíra.

Assim como fez da primeira vez em que reassumiu o cargo, Atila voltou a colocar panos quentes na conturbada relação que tem com Alaíde. “Não vai ser fácil (o retorno), mas não vamos olhar para o retrovisor. O que passou, passou”, contemporizou.

Acusado, no âmbito da Operação Trato Feito, de receber propina de empresas prestadoras de serviços da Prefeitura e de pagar Mensalinho aos vereadores, Atila voltou a rebater as acusações, inclusive as que culminaram com a sua primeira prisão, em maio, de desvios de recursos em licitações de merenda e material escolares. “Isso nunca existiu”, assegurou o socialista, ladeado de advogados. “Eu coloco o desafio para quem está investigando para que venham em Mauá para saber se a merenda escolar é terceirizada ou é própria. A nossa merenda é realizada por nossas próprias merendeiras.”

O prefeito falou em “perseguição” e voltou a criticar a operação da PF (Polícia Federal), como fez em entrevista exclusiva ao Diário, na sexta-feira, horas depois de deixar a penitenciária de Tremembé. “Em primeiro lugar, acredito em Deus e na Justiça. Muitos não acreditavam no meu retorno da primeira vez. Mas Deus e a Justiça provaram que existem, retornamos. Acabei sendo preso (em dezembro) pela mesma operação, mas de uma forma requentada. Novamente Deus me trouxe de volta”.

Demissões começam pela superintendência da Sama

Ontem mesmo o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), iniciou as demissões de indicados de sua vice, Alaíde Damo (MDB). Oficialmente ele exonerou Toninho Bertucci, cunhado de Alaíde, do comando da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá).

O escolhido para dirigir a autarquia é Paulo Sérgio Pereira (PRP), antigo aliado do clã Jacomussi. Ele também promoveu mais dois desligamentos: Márcio José Dias de Souza, que era diretor de manutenção e abastecimento da Sama, e de João Felipe Meira, então diretor de planejamento e obras da autarquia.

Na sexta-feira, quando Atila foi solto do presídio de Tremembé, alguns secretários de Alaíde assinaram pedido de demissão. O Diário apurou que João Veríssimo Fernandes (Governo), Janete Damo (Segurança Alimentar), Paulo Barthasar (Segurança Pública) e Erenita Rodrigues (Chefia de Gabinete) haviam se antecipado e solicitado formalmente exoneração dos cargos.

A tendência é a de que Atila promova nova devassa no primeiro escalão, mantendo raríssimos nomes, até porque Alaíde, em seu mandato interino, contratou diversos parentes para vagas no secretariado de Mauá.

Vereadores acompanham o regresso do chefe do Executivo

Alvo de dois processos de impeachment na Câmara, o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), não só recebeu apoio da claque de aliados em seu retorno como de vereadores.

Além do presidente do Legislativo, Vanderley Cavalcante da Silva, o Neycar (SD), também estiveram no Paço os vereadores Betinho Dragões (PR), Severino do MSTU (Pros) e até Sinvaldo Carteiro (DC), que é presidente de uma das comissões do impeachment que tramitam na casa. Os dois primeiros, inclusive, faltaram na sessão em que foram aceitos dois pedidos de cassação do socialista.

A visita ao prefeito ocorreu na véspera de a Câmara votar pelo prosseguimento ou não de uma das denúncias. Na sessão de hoje, parlamentares votarão o parecer sobre o pedido protocolado por Davidson Rodrigues de Souza, que alega vacância do cargo pelo fato de Atila ter ficado mais de duas semanas afastado do posto sem pedir autorização dos parlamentares. O prefeito, por sua vez, alega que o afastamento foi alheio à sua vontade, devido à prisão.

Em entrevista ao Diário, na sexta-feira, Atila falou que respeita o Legislativo, descartou entrar na Justiça para barrar os processos e afirmou que se defenderia dos pedidos de impeachment na Câmara.

Também hoje termina o prazo, de dez dias úteis, para que o prefeito apresente suas alegações para outra comissão, a que analisa a denúncia protocolada pelo PT de quebra de decoro, com base nas acusações da Polícia Federal, de recebimento de propina. 




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