A qualidade do ensino e a localização são os principais fatores de escolha de escolas particulares de ensinos fundamental e médio. Pesquisa realizada pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), encomendada pela Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), ouviu em dezembro do ano passado 1.001 pais em oito regiões metropolitanas do país pertencentes às classes A e B. No Grande ABC, foram entrevistados pais de alunos de escolas particulares em Santo André e em São Bernardo. A metodologia utilizada pelo Ibope aponta que cada 1% da pesquisa representa opinião de 12 mil adultos.

Esta é a primeira pesquisa qualitativa realizada pelo segmento, a qual verificou-se que 90% dos pais estão satisfeitos com o ensino nas instituições privadas e que 92% consideram freqüentar a escola particular importante para o futuro do filho (veja quadro ao lado). Até então, o setor tinha em mãos só dados quantitativos, como número de escolas e alunos inseridos nos ensinos fundamental e médio, renda familiar e concentração de estabelecimentos por localização geográfica.

A educadora Oswana Fameli, presidente da Aesp-ABC (Associação das Escolas Particulares do Grande ABC), afirma que o fator que mais surpreendeu na pesquisa foi a indicação dos valores considerados intangíveis como determinantes para a escolha da escola dos filhos. Dos entrevistados, 63% apontaram como razões para a escolha de uma instituição particular valores intangíveis, 25% os tangíveis e 11% ambos os valores.

“Não é a estrutura física ou os equipamentos tecnológicos que uma escola oferece os fatores mais importantes para os pais na hora da escolha, segundo apontou a pesquisa. São as coisas que não podem ser vistas, como a qualidade do ensino. E o que é considerado qualidade não pode ser quantificado. Cada escola tem um método diferente, uma é mais tradicional, enquanto a outra tem perfil liberal. Tudo depende de que tipo de educação o pai pretende dar ao filho. As escolas são muito diferentes, como ter enfoque nos esportes, nas artes ou ensino religioso. Todos esses itens citados como importantes indicam que os pais querem ter confiança na educação que tem sido dada aos filhos. E o grau de satisfação demonstra que estão tendo essa confiança”, diz.

Dentre os valores tangíveis, a localização aparece em primeiro lugar como fator para a escolha. Antes de ser realizada a pesquisa, a presidente da Aesp-ABC disse que o segmento imaginava ser o valor das mensalidades o critério mais importante. O item, porém, aparece em segundo lugar na pesquisa.

O item segurança teve destaque na avaliação. A maioria dos pais considera o ambiente escolar numa instituição privada seguro. Outro fator que gerou certa surpresa foi o resultado da avaliação sobre a aprovação ou desaprovação de medidas consideradas controversas dentro da escola. “A instalação de câmeras em sala de aula, por exemplo, sempre gerou muita discussão. Muitos não concordam com essa medida. Mas no universo entrevistado, 63% aprovam a colocação de câmeras”, comenta Oswana. Os entrevistados também aprovam a instalação de câmeras para controlar os acessos à escola.

No entanto, a aprovação automática, como ocorre nas escolas estaduais e que é chamado pelo Estado como progressão continuada, é desaprovada por 75% dos pais. Também houve maior desaprovação na distribuição de cotas para negros e índios nas universidades.