Economia Titulo
Logística custa até 35% a mais no País
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
12/02/2011 | 07:22
Compartilhar notícia


De acordo com Francisco Satkunas, integrante do Conselho Sênior da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), o custo de logística no Brasil é 35% mais caro que nos Estados Unidos.

"Por conta dos pedágios, buracos nas estradas e impostos sobre combustíveis, entre outros, cada carro custa para a montadora cerca de R$ 3.500 só em logística, enquanto para os fabricantes norte-americanos esse

 valor é reduzido em mais de R$ 1.000", afirmou.

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, disse que o aço custa 40% mais no Brasil que no Exterior. "Assim, a competição fica injusta e desequilibrada", avaliou Belini.

Também presidente da Fiat, o executivo disse que a indústria não é contra a importação de veículos, mas considera que os automóveis fabricados aqui precisam dos mesmos incentivos de modelos feitos no Exterior.

"Quando um fabricante vem produzir aqui com as mesmas condições que enfrentamos, não há problemas", afirmou. "O problema é competir com marcas estrangeiras que podem estar recebendo incentivos em seus países de origem, além de não enfrentarem problemas com excessiva carga tributária, burocracia, deficiência na infraestrutura e matérias-primas com preços muito acima dos praticados no mercado internacional."

Ex-executivo da General Motors, Satkunas afirmou que os importados não representavam perigo quando cobriam nichos de mercado de carros caros e sofisticados. "Agora, os importados, principalmente os asiáticos como chineses e coreanos, estão atuando na base da pirâmide do mercado brasileiro, com modelos compactos baratos e com muita tecnologia embarcada, o que vai obrigar a indústria nacional a se mexer e adotar novas estragégias", considerou.

Para ele, uma forma de atenuar o avanço dos importados seria a criação de cotas - atitude que poderia, porém, causar reclamações contra o Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio).

"É uma medida que o governo poderia adotar temporariamente, mas a indústria precisa também dar respostas às necessidades do consumidor", ponderou Satkunas. "O brasileiro, ao contrário do norte-americano ou francês, não tem patriotismo quando o assunto é carro. Ele quer saber o que é mais agradável de dirigir e qual se encaixa em seu orçamento. Não tá nem aí para a origem do veículo", disse.

A Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) afirma que o verdadeiro veículo importado não representa risco para as fabricantes locais, já que apenas cerca de 100 mil unidades foram importadas em 2010, ano em que o mercado nacional foi de 3,512 milhões de unidades. Para a entidade, o grosso das importações é de, na verdade, veículos intercambiados pelas próprias montadoras, principalmente da Argentina e México, países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio.

Para Belini, o que preocupa a Anfavea é a tendência. "É só ver as estatísticas. Há cinco anos, importávamos 90 mil carros e exportávamos 900 mil. No ano passado, exportamos 767 mil e importamos 660 mil", afirmou.

Segundo Belini, o setor apresentou deficit de US$ 1,3 bilhão em 2010, quando incluídas as autopeças. "O ideal era que a atividade não gerasse perda de divisas", disse.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;