Política Titulo Gravações contra presidente
Janot denunciou Temer para travar reforma da Previdência, diz Aníbal

Ex-senador e candidato a deputado federal cita que ex-procurador usou caso Joesley para manter os privilégios do MP

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
29/08/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


O ex-senador paulista José Aníbal (PSDB) acusou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de agir com revanchismo ao arquitetar denúncia que envolveu o presidente Michel Temer (MDB) junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa no caso das gravações do caso Joesley Batista, no ano passado.

Em entrevista ao Diário, o tucano afirmou que as acusações de Janot contra Temer foram feitas “de caso pensado” como forma de atrapalhar o avanço da reforma da Previdência e, assim, “impedir o fim dos privilégios da área dele, do Ministério Público”. “Se não fosse o Janot com a escuta telefônica… (Mas veio) A dupla Janot e Joesley... Eles fizeram aquela escuta e parou o Congresso. Eles (Ministério Público) não querem acabar com os privilégios deles, querem continuar tendo aposentadoria de R$ 50 mil, R$ 60 mil, R$ 70 mil e R$ 80 mil. Então, o Janot não queria (que fossem votadas as mudanças na Previdência). A (reforma da) Previdência estava pronta para ser votada.”

Questionado se as denúncias de Janot foram motivadas por vingança, Aníbal prosseguiu: “O Janot foi frustrado porque o Michel Temer não reconduziu ele para (o cargo de) procurador-geral. Além disso, ele era contra a reforma da Previdência. E, além disso, ele disse: ‘Eu vou encontrar um jeito de...’. Encontrou”, apontou o tucano, que é candidato a deputado federal neste pleito e que assumiu o mandato no Senado como suplente durante a passagem de José Serra (PSDB) pelo comando do Ministério das Relações Exteriores. Indicada por Temer, Raquel Dodge substituiu Janot em setembro, quando chegou ao fim seu mandato de quatro anos à

O caso citado por Aníbal veio à tona em maio do ano passado, quando o jornal O Globo revelou que Temer havia sido gravado por Joesley Batista, dono da JBS, em diálogo no qual o emedebista avalizaria diversas ilegalidades, entre elas a compra de silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB), ex-presidente da Câmara.

O caso tumultuou ainda mais o cenário político nacional e causou desgaste ao governo Temer. No fim de 2017, Janot ofereceu duas denúncias contra Temer no STF e outros investigados, entre eles ministros do Planalto, mas a maioria da Câmara barrou o avanço das investigações nas duas ocasiões. “Ele (Janot) estava tão mal intencionado que desdobrou (a denúncias conta Temer) em duas, e iria desdobrar em três. Aí o governo chegaria ao fim (com os parlamentares) votando se o Michel iria ser investigado ou não. Poderia ter sido uma (denúncia só)”, disse o tucano, que garantiu que o apoio do PSDB ao governo Temer não causa prejuízo à legenda. “Por que o PSDB vai ter vergonha (da adesão)”

Prefeito de Santo André, Paulo Serra e o vereador andreense Pedrinho Botaro (ambos do PSDB) acompanharam Aníbal em sua visita à redação do Diário. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;