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Por Do Diário do Grande ABC
18/02/2018 | 07:00
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Gente certa...

O general Braga Netto foi o responsável pela coordenação de segurança (boa) nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio. Entende do assunto. Mas teve na época as condições e o tempo necessários para montar seu trabalho.

...jeito errado

Para que se tenha uma ideia do planejamento oficial: de acordo com a Constituição (artigo 60, parágrafo 1°), não pode haver emenda constitucional com um Estado sob intervenção. E a reforma da Previdência, apontada pelo governo como essencial e urgente, fica impossível. Temer, professor de Direito Constitucional, sabe disso. Mas comentou que poderia revogar a intervenção para votar a reforma, retomando-a logo em seguida. Supõe que os bandidos terão o cavalheirismo de não abusar dessa pausa.

E haja cargos!

Nas discussões que levaram à intervenção no Rio, falou-se muito na criação do Ministério da Segurança Pública.

O governo acredita que será útil – ao menos para parecer que está fazendo alguma coisa. Se ministério resolvesse algo, o Brasil estaria melhor que os Estados Unidos, já que temos o dobro dos ministérios. E pessoas como Luislinda a ocupá-los.

Detalhe curioso

A violência no Rio é inaceitável (como é, a propósito, no Brasil inteiro). Mas os índices atuais – 6,13 mortes violentas por 100 mil habitantes – são inferiores aos de 8,63 de 1995, quando ninguém falou em intervenção.

Crítica sem autocrítica

Amplos elogios aos sambas de crítica da situação da Beija-Flor e Tuiuti, primeira e segunda colocadas no desfile de escolas de samba do Rio. O problema é o telhado de vidro de quem atira pedras. A Beija-Flor é controlada por Aniz Abraão David, um dos chefes do sorteio zoológico do Rio; a Tuiuti é a escola do carro alegórico que, no ano passado, atropelou e matou uma pessoa no caminho para o desfile, e que deu ordem ao motorista para seguir em frente e esquecer a vítima – o que ele, obedientemente, fez.

Guerra suja

Há alguns anos, este colunista aconselhou uma respeitada empresária do Interior paulista a desistir da disputa pela Prefeitura de sua cidade, embora fosse a favorita destacada nas pesquisas. A cidade provavelmente ganharia por ter uma prefeita como ela, mas ela seria vítima do moedor de carne que são as campanhas, onde vale tudo para destruir o adversário. De lá para cá, a coisa piorou: há hoje grande quantidade de profissionais da difamação.

Mentira, e daí?

Tanto Luciano Huck quanto João Doria foram acusados de comprar jatos da Embraer com financiamento do BNDES a juros subsidiados. Foram favorecidos? Não: se o caro leitor for à Embraer para comprar um avião, terá à disposição a mesma taxa de juros oferecida a Doria e Huck. O BNDES auxilia com seu crédito a venda de aviões produzidos por brasileiros no Brasil, e isso vale para todos os compradores. Competir com a Airbus/Bombardier significa também oferecer juros competitivos.

Se a besteira se limitasse às redes sociais, vá lá; mas ganhou as páginas de grandes jornais, como se fosse uma denúncia a sério. Um dos motivos de ter de optar nas eleições entre tantos maus candidatos é que os que seriam bons preferem ficar fora, sem sofrer o desgaste de calúnias e difamações, sem expor a família e as empresas ao risco das notícias falsas.

O governo federal, que não consegue conter o contrabando de armas e munições, que não consegue fechar a fronteira aos narcotraficantes, acha-se apto a combater o crime no Rio. E começou o combate demonstrando que, ao intervir no Estado, não tem a menor ideia do que fez. A intervenção, diz o ministro da Defesa, Raul Jungmann, não é militar.

O interventor é o general Braga Netto, comandante militar do Leste; reuniram-se, para discutir os caminhos a tomar, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, o ministro da Defesa, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, e só. Mais civil, impossível.

O governador do Rio, Pezão, que não fede nem cheira, mantém-se no cargo que não ocupa: a intervenção se limita à Segurança pública. Embora o governador não tenha sido atingido, o interventor estará subordinado só ao presidente da República. E seus amplos poderes não incluem a punição de funcionários – por exemplo, soldados da PM. Como envolvidos em tráfico e participantes de milícias serão punidos? Vai ver que há algum jeito, né?

O fato é que as Forças Armadas já agiram outras vezes no Rio, com TV e armas pesadas; em todas, houve êxito inicial, antes que tudo voltasse ao estado de sempre. Não se pode imaginar que a presença do Estado em boa parte do Rio se limite a policiais e soldados, sem médicos, sem professores, sem saneamento básico. Não é só na política que há esgoto a céu aberto. 




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