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Hugo Fernandes: auxiliar técnico de além-mar
Dérek Bittencourt / Do Diário do Grande ABC
01/11/2010 | 07:02
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Entra treinador sai treinador e um integrante da comissão técnica do Santo André não muda: Hugo Fernandes. Independentemente da situação que o time se encontra, ganhando ou perdendo, ele está sempre ali, ocupando o cargo de auxiliar técnico, passando informações aos comandantes, dando atenção aos jogadores que têm sido pouco aproveitados, enfim, fazendo jus ao cargo.

Aos 27 anos, Fernandes é formado em Educação Física e está no Santo André desde 2007. No clube, começou como observador do time que salvou-se do rebaixamento à Série C em 2007. No ano seguinte, tornou-se assistente de Aílton Silva e, posteriormente, de Sandro Gaúcho, no Santo André B, que disputou a Copa Paulista em 2008 e chegou à semifinal. Depois disso, foi alçado em 2009 ao profissional.

Passaram pelo cargo de treinador Sérgio Soares, Sérgio Guedes, Alexandre Gallo, Fahel Júnior e, agora, Jair Picerni. E Hugo está sempre ali para passar aos técnicos recém-contratados as fichas e indicações sobre o elenco.

"Tenho essa importância de organizar treinamento de campo, dar suporte ao técnico e ao auxiliar que chegam, por já estar acompanhando o dia a dia do time há algum tempo. Não tenho ligação com os treinadores. Eles saem, eu fico. Então tenho como ajudar o treinador com relação a quem atua melhor, quem pode nos ajudar", disse o auxiliar, que também trabalha lado a lado com os jogadores.

Nas finais do Paulista, por exemplo, era o responsável por lacear as chuteiras de Bruno César, hoje artilheiro do Corinthians no Brasileiro.

Como experiência nunca é demais, Fernandes foi convidado a passar um mês em Portugal, numa espécie de estágio no Gil Vicente, clube parceiro do Ramalhão. O resultado: levou informações sobre o estilo de treino e jogo dos brasileiros, e trouxe na bagagem vivências, táticas e técnicas do estilo europeu para implantar por aqui. "Conheci a estrutura, filosofia e características de lá. Foi uma experiência que acrescentou muito tanto profissionalmente quanto na vida."

DIA A DIA
O auxiliar pôde acompanhar o fim da pré-temporada do Gil Vicente em preparação à Liga Orangina, equivalente ao Brasileiro da Série B, e dois jogos oficiais. No dia a dia com a comissão técnica e o treinador Paulo Alves, Fernandes promoveu troca de informações proveitosas para as partes. "Por muitas vezes, todos os dias, conversávamos sobre táticas e formas de treinamento utilizadas no Brasil que pudessem ser adaptadas ao futebol deles e vice-versa", contou.

A grande diferença encontrada em Portugal - e algo que se reflete por toda a Europa - foi com relação aos treinamentos. Segundo o assistente, lá não existem trabalhos físicos na academia em tempos de campeonatos. As atividades ficam restritas a um período. "Essa é a maior diferença. Por isso o europeu geralmente perde na força para o brasileiro. Como eles não têm sessão de treino físico, fazem trabalho de aquecimento mais estendido. É a filosofia do futebol europeu, mas é muito pouco em comparação ao brasileiro."

Por isso, segundo ele, os jogadores do Brasil sentem tanto fisicamente quando chegam ao Velho Continente quanto necessitam de longa readaptação quando retornam ao País. "Os atletas brasileiros reclamam que não têm esses treinamentos e que perdem força durante o jogo, que não têm explosão. Quando se vai muito novo para lá, não se adapta", disse.

DIFERENÇAS
O auxiliar comparou a experiência em Portugal com a realidade do Santo André e disse não ver muita diferença especialmente quanto à composição estrutural dos clubes do mesmo patamar do Ramalhão. "A visão que temos sobre o nível de estrutura e treinamento deles é ilusória. Para times de médio e baixo escalão, o Santo André não perde em nada. Claro que se você falar de um Porto, Sporting e Benfica, aí sim é outra história. Mas os demais são muito equiparados. A estrutura do Gil Vicente, por exemplo, é bem parecida com a nossa. Tem que sair para treinar, às vezes trabalha no estádio. A vantagem é que o campo é perto."
Quatro atletas do Santo André estão emprestados ao Gil Vicente: o lateral-esquerdo Richard, o lateral-direito Júnio Caiçara, e os atacantes Rafael Ramazotti e Luís Carlos.

 




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