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‘Xica da Silva’: reprise incomoda estréia de ‘América’
Por Ana Carolina Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
23/04/2005 | 16:37
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Por essa a Globo não esperava. Depois da saída do diretor de núcleo Jayme Monjardim da novela América, fato ocorrido após problemas com a autora Glória Perez, a emissora tem de lidar agora com a audiência instável que se instaurou em seu mais rentável e famoso horário. Pior do que oscilar diariamente, coisa que não acontecia com Senhora do Destino e Celebridade, por exemplo, é saber que a causadora dessa celeuma atende pelo nome de Xica da Silva, atração que alavancou a audiência noturna do SBT. No último dia 13, a reprise registrou os históricos 15 pontos de audiência, com picos de 20, enquanto América ficou com o fraco (para padrões globias) índice de 37 pontos.

Escrita por Walcyr Carrasco, que assinou importantes trabalhos pela Globo e é o responsável pela próxima trama global da seis, Alma Gêmea, Xica da Silva foi ao ar pela primeira vez em 1996 na extinta TV Manchete. Na época, Carrasco era contratado do SBT e por isso concebeu o folhetim sob o pseudônimo de Adamo Angel. A novela, que contou com 231 capítulos, reconstituía a saga da escrava que conquistou poder e fama no século XVIII no Arraial do Tijuco, em Minas Gerais.

Com trama recheada de erotismo e intermináveis banhos de cachoeira com direito a cenas de nudez, Xica da Silva não triplicou a audiência do canal de Silvio Santos à toa. Na tela, a novela resgata o começo de carreira de muitos atores que hoje são sucesso sob a chancela da Globo. Além de Taís Araújo, na época com 18 anos, Murilo Rosa (o Dinho de América), Guilherme Piva e Giovana Antonelli foram revelados na trama que primava por belas mulheres e encontros picantes. Até a modelo, apresentadora e atriz Adriane Galisteu fez uma ponta no folhetim, em que interpretava uma muda. Muda que tomava banho de cachoeira, é claro.

Xica da Silva é mesmo o principal fator da queda de audiência no horário mais importante da Globo, mas soma-se a isso o programa Guiness, um show trash e bizarro que vai ao ar diariamente na Record e que registra cerca de 8 pontos no Ibope, o que significa que os telespectadores descontentes com a trama rural de América se sentem tentados a migrar, assim como Sol, para canais que ofereçam algo mais do que cenas da fronteira norte-americana com o México. Se nem a saída de Monjardim der um jeito na animosidade que se instalou na tela da Globo na faixa das nove horas, o investimento da novela mais cara já produzida pela emissora corre o risco de ir por água a baixo.




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