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Antonio Petrin convida ao melhor teatro
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
04/06/2009 | 07:00
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Osvaldo Ventura/DGABC


Antonio Petrin completa 71 anos no dia 20. Num balanço de trajetória, ele tem uma certeza. "Já vivi bastante, mas vou ficar muito puto com a morte. Minha história foi muito boa", avalia o artista, um dos pioneiros do teatro andreense. E é assim também, sem peso ou morbidez, que ele encara o monólogo Só os Doentes do Coração Deveriam Ser Atores, que abre temporada amanhã no Teatro Coletivo, em São Paulo.

O texto é uma adaptação do diretor Eduardo Figueiredo para relato de um artista polonês contido no livro Além das Ilhas Flutuantes, do dramaturgo italiano Eugenio Barba. Estreou ano passado no Sesc Avenida Paulista e marcou quatro décadas de carreira de Petrin.

A questão da morte é pano de fundo para a montagem: Jacek, o intérprete, foi proibido pelo médico de viver Ricardo III, um dos principais desafios shakespearianos para artistas na maturidade, por conta de problemas cardíacos. Apesar do evidente tom trágico, Figueiredo e Petrin evitaram sublinhar esse aspecto. "É uma luta irreverente para driblar o desaparecimento. Com uma boa dose de humor e ironia, Jacek faz uma avaliação da própria vida, que vai além da tristeza. Fala da carreira, dos amores, da família", pontua. Em tempo: o polonês ignorou o alerta dos médicos e voltou a atuar.

É essa teimosia de quem abraça as artes dramáticas como ofício que Petrin quer reforçar. "Nosso compromisso com a arte e o público é tremendo e só quem está envolvido com a produção deve saber disso. Eu mesmo já entrei em cena com dores de estômago ou com crise renal, acabando no hospital logo depois", ressalta.

Sozinho em cena grande parte do tempo - a pianista Elaine Giacomelli executa as canções da trilha, além de assumir algumas personagens femininas - Petrin reconhece a intensidade dos 60 minutos em que veste a pele de Jacek. "Me sinto tão identificado com ele. Como o formato do espetáculo é simples, consigo trazer o público até o mundo da interpretação. As pessoas veem os tropeços, a transpiração. Essa magia só existe no teatro".

Inspirado pelo texto, Petrin também coloca sua carreira na balança. "É claro que é uma profissão cheia de dificuldades. Mas eu só me lembro do lado maravilhoso. Não tenho nenhum lamento", ri.

Petrin terá um semestre agitado. Além do monólogo, tem se dedicado às gravações de Vende-se um Véu de Noiva, novela que substitui Revelação (na qual também atuou) a partir do dia 16. Também estreia um novo espetáculo, Seria Cômico se Não Fosse Sério, provavelmente em outubro. "Agora estou só completando as efemérides, mas não é ruim. Me incomodaria se eu não tivesse realizado tanto", completa.

Só os Doentes do Coração Deveriam Ser Atores - Teatro. De amanhã até 26 de julho. Sextas, às 21h30; sábados, às 21h; e domingos, às 20h. No Teatro Coletivo - Rua da Consolação, 1.623, São Paulo. Tel.: 3155-5022. Ingr.: R$ 30.




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