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‘A corrupção é a desgraça do nosso continente’
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03/07/2005 | 07:20
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“Seria impensável eu governar durante quatro anos e não acontecer nenhum problema”, afirmou neste sábado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar na abertura do 12º Fórum de São Paulo, que reúne partidos de esquerda da América Latina e do Caribe. Em um ambiente propício, Lula admitiu que nem todos os males da região são culpa do imperialismo norte-americano: “A corrupção é desgraça do nosso continente. Somos pobres por causa do imperialismo, mas nem sempre tivemos dirigentes que fizeram as coisas corretamente”.

Lula abordou lateralmente os escândalos de corrupção que abalaram seu governo nas últimas semanas, da mesma forma como atingiram outros governos latino-americanos, como o Chile, do socialista Ricardo Lagos. E deu, pela primeira vez, a sua conceituação do quilate da crise política que o país vive: “Eu encaro como uma certa turbulência”, disse ele, “mas que se enquadra no processo democrático.”

Mais uma vez Lula prometeu ser implacável “com os adversários e aliados que acharam que podiam se aproveitar do dinheiro público para ficar ricos”. Ele afirmou, igualmente, que não permitirá retrocessos que foram conseguidos no decorrer dos anos, como a consolidação do processo democrático: “Temos confiança nos sacrifícios feitos para o povo sentir o gosto da democracia”, afirmou ele.

Bem-humorado e abandonando o discurso escrito que trouxe para falar de improviso, o presidente procurou dar aos participantes do Fórum – muitos dos quais pertencentes a partidos e grupos revolucionários – a idéia de que a democracia é o mais precioso bem das esquerdas. Para tanto, usou algumas metáforas, como reconhecer que envelheceu muito nos últimos 15 anos, mas hoje está mais maduro e já não diz coisas que antes falava.

“O Lula de hoje está mais velho e muito mais consciente do papel que temos de jogar na política da América Latina, uma nova concepção de política”, assinalou. E deu outro conselho que nenhum revolucionário admitiria ouvir há 15 anos: “Nós não vamos fazer as transformações em que acreditamos em pouco tempo”, observou, conformado. Ele sublinhou para os dirigentes esquerdistas de outros países que a esquerda precisa aprender a chegar ao poder e exercê-lo pela via democrática. Ele afirmou também que a convivência no Fórum ajudou no diálogo entre os países depois que dirigentes de esquerda assumiram o poder em seus países. “Foi assim que se deu a evolução política em nosso continente.”




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