Nervosa e ainda sentindo dores pelo corpo, Sheila mostrou um hematoma na cintura, resultado dos pontapés que recebeu dos policiais do Exército. Segundo ela, os soldados a pegaram depois que viram que ela havia registrado com sua câmera o fotógrafo do JB Fernando Bizerra sendo arrastado para uma escada no interior do Forte. ``Ele apanhava muito e foi arrastado pelas escadas levando socos. Quando virei as costas, fui agarrada. Fomos levados para um alojamento e continuamos apanhando', contou.
A truculência dos militares relembrou outro episódio vivido pela fotógrafa em 1994. Sheila Chagas cobria, pelo jornal O Fluminense, a prisao de dois soldados do Exército que haviam desviado armamento de um quartel e prestavam depoimento na 74ªDP (Alcântara), em Sao Gonçalo. Ao fotografar os acusados saindo da delegacia, ela foi agredida pelos militares que escoltavam os soldados.
``Bateram tanto no meu rosto que perdi um dente, tive o nariz quebrado e fiquei com os olhos roxos', lembrou. Na época, com apoio da comissao de Direitos Humanos da OAB de Niterói, Sheila chegou a prestar depoimento num processo na Justiça Militar. Mas até hoje o processo nao teve resultado. ``Acho que acabou arquivado. Só resolvi registrar esta nova agressao em respeito aos meus colegas de profissao', destacou.
Para Sheila, o momento mais difícil, no Forte de Copacabana, foi quando ela se recusou a entregar o filme aos soldados. ``Desesperado, o Bizerra se arrastou até onde eu estava e gritou: `Entrega logo, por favor, senao eles vao matar a gente de tanta porrada.' Foi o Bizerra que abriu minha máquina, chorando, e entregou o filme', contou Sheila.
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