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Dolly e Coca-Cola enfrentam-se em audiência pública
Por Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
18/11/2004 | 10:23
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A troca de acusações entre a Dolly Refrigerantes, de Diadema, e a Coca-Cola marcou a audiência pública realizada nesta quarta na Câmara dos Deputados, em Brasília. A audiência, que durou cerca de seis horas, foi conjunta e teve a participação das comissões de Defesa do Consumidor, de Fiscalização e Controle, e de Finanças e Tributação.

A Dolly repetiu nesta quarta as acusações feitas perante a SDE (Secretaria de Direito Econômico) de que a Coca-Cola pratica concorrência desleal, abuso de poder econômico, utiliza substâncias entorpecentes na composição do refrigerante e recorre a práticas criminosas. A SDE abriu investigação administrativa contra a multinacional apenas por concorrência desleal.

A presença de substâncias ilícitas na fórmula da Coca-Cola foi um dos temas mais discutidos nesta quarta durante a audiência. O presidente da multinacional, Brian Smith, recusou-se a revelar a origem do extrato vegetal utilizado na fórmula do refrigerante.

Segundo nota oficial da Coca-Cola, a empresa apresentou nesta quarta laudo do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, "atestando não haver qualquer indício de substância ilícita em sua formulação e pediu agilidade na realização dos novos testes pedidos pelos parlamentares". A nota afirma também que a maioria dos deputados presentes considerou o laudo e as explicações apresentadas suficientes como prova.

O presidente da empresa de Diadema, Laerte Codonho, contudo, não ficou satisfeito com as informações fornecidas pela multinacional. "O presidente da Coca-Cola se recusou a dizer que tipo de extrato vegetal existe na fórmula e, mais do que isso, não desmentiu que o extrato é de folha de coca. Utilizar substâncias que viciam é concorrência desleal", diz.

A Dolly acusou a Coca-Cola também de sonegação fiscal. "Vamos apresentar documentos que comprovam isso", afirma Codonho. A empresa de Diadema também foi acusada de sonegação pela ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação) e por um ex-contador, Pedro Quintino, que foi chamado de espião da Coca-Cola por Codonho.

A Dolly havia questionado extrajudicialmente a Kroll Associates, multinacional do setor de auditoria com sede nos Estados Unidos, sobre as informações que correm na imprensa de que a Coca-Cola teria contratado a empresa para investigar a concorrente.

Segundo Codonho, a Dolly desistiu de entrar com ação judicial contra a Kroll, como havia informado que faria anteriormente, porque "surgiram novos fatos", que ele preferiu não divulgar. "Estamos confortáveis para aguardar os desdobramentos da investigação contra a Kroll", diz.

A Kroll está sob investigação por espionagem ilegal desde que foram encontrados documentos sigilosos na empresa, durante a chamada Operação Chacal. Cinco funcionários foram presos e houve apreensão de computadores, equipamentos e registros de ligações telefônicas e movimentações bancárias.

Na ocasião, a Dolly questionou em representação extrajudicial se, entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal, havia gravações ou informações relacionadas à empresa de Diadema. As possíveis ligações entre a Kroll e a Coca-Cola também foram abordadas pelo documento.




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