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Na oposição, Grecco detona chefe do Executivo
Por Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/02/2011 | 07:01
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Ex-aliado de Oswaldo Dias, o vereador Edgard Grecco (PDT) oficializou nesta semana o seu ingresso no bloco de oposição ao prefeito de Mauá. A mudança de posicionamento se dá pela inércia do petista em conduzir avanços na área social da cidade. A gota d'água foi o descompromisso do chefe do Executivo na tragédia provocada pelas chuvas que assolaram o município, em janeiro.

Do outro lado, Grecco tece duras críticas a Oswaldo, a quem classifica de centralizador de poder, totalitário, ausente e mantenedor de relação fria com o Legislativo. Para embasar as declarações, apresentou dossiê com os dois primeiros anos de mandato do chefe do Executivo. "Ele não foi na Câmara uma vez sequer explicar ações que tomou com relação à catástrofe."

O descontentamento nesta questão vem desde fevereiro de 2010. À época, o parlamentar encaminhou requerimento ao prefeito solicitando informações sobre pontos críticos da cidade. Em dois questionamentos (se existia projeto habitacional para receber moradores de áreas de risco, e programa de orientação a estas pessoas) a resposta do prefeito foi a mais sucinta possível. "Sim", sem detalhes.

Para Grecco, o chefe do Executivo, por estar em seu terceiro mandato, é sabedor das necessidades de Mauá. "O problema é ele não cumprir metas", diz, sobre o programa de metas da Prefeitura, que prevê, entre outros pontos, o desenvolvimento ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável.

Pelo plano ficar só na promessa, o parlamentar recorre a dito popular. "Uma mentira contada três vezes acaba tornando-se verdade. O pior é que até quem conta acaba acreditando", dispara. "A prática política dele é só essa", insiste.

Na oposição, o pedetista terá mais liberdade para contestar o governo. Por outro lado, pelo grupo ostentar apenas cinco vereadores, contra 12 da sustentação, terá dificuldade em convocar o prefeito a prestar esclarecimentos. O trunfo seria a Comissão de Assuntos Relevantes aprovada terça-feira pela Câmara, mas que acabou agrupando mais aliados do que opositores.

 

ENTREVISTA

O sorriso de Oswaldo em rede nacional, em entrevista após os deslizamentos de terra no morro do Macuco, incomodou Grecco. "Como representante da classe política de Mauá, me senti envergonhado. Ele desrespeitou os 420 mil habitantes da cidade", destaca. "A imprensa cumpre seu papel fundamental de mostrar o que os políticos fazem. E a coletiva não foi de um prefeito preocupado com o desmoronamento."

 

Parlamentar sugere projeto político alternativo ao do PT

 

O novo posicionamento de Edgard Grecco na Câmara de Mauá não está condicionado à estratégia eleitoral para 2012. Pelo contrário. O pedetista afirma que irá sugerir um novo modelo de atuação ao grupo de oposição a Oswaldo Dias.

 "Precisamos mudar o comportamento porque a política em Mauá hoje é disputa descabida. Só se ataca visando eleição", diz, vislumbrando a formulação de projeto político alternativo à administração petista. "Democracia não é só querer crescer em cima da desgraça alheia."

O vereador afirma não ostentar pretensões nem para sair candidato a prefeito no ano que vem nem de liderar o bloco oposicionista. "Mas gostaria de participar da organização do grupo. Oposição foi feita também para construir", considera.

Além de Grecco, os opositores a Oswaldo na Câmara são Atila Jacomussi e Silvar Silva Silveira (ambos do PV), Edimar da Reciclagem (PSDB) e Manoel Lopes (DEM). Destes, Manoel e Atila são os que empregam a oposição mais ferrenha, com ataques e denúncias sobre o governo a cada sessão.

Atila, inclusive, articula para ser candidato ao Paço. "Um novo projeto favorece eventual candidatura. Mas, independentemente do lobby, precisamos primeiro conquistar o respeito e nos organizar. Temos de mostrar o que o prefeito faz e o que podemos fazer. Isso significa maturidade política", analisa o pedetista.

Sem citar nomes, Grecco nutre a expectativa de que vereadores da sustentação sigam o mesmo caminho que o seu. "Acho que isso acontecerá naturalmente porque o desgaste do prefeito tem sido repetitivo. Esta falta de política faz com que os aliados reflitam." A intenção é aproveitar o momento de descrédito de Oswaldo e iniciar namoros. "Temos de iniciar processo de conversação para trazer outros para a oposição", finaliza.




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