Nacional Titulo
Baía de Guanabara é cenário de degradaçao progressiva
Por Do Diário do Grande ABC
19/08/2000 | 15:58
Compartilhar notícia


A Baía de Guanabara está se tornando um depósito ilegal de óleo combustível. Além dos detritos, que têm reduzido o espelho d'água, todos os dias, mesmo quando nao há vazamento provocado por acidentes, sao jogadas aproximadamente duas toneladas de óleo na baía. Cinqüenta e cinco indústrias, terminais de combustíveis, postos de gasolina, estaleiros e navios sao as principais fontes de poluiçao identificadas pelos órgaos de controle ambiental. Diluídas, as manchas nao chamam tanta atençao como os vazamentos localizados, mas os danos, segundo os ambientalistas, sao de proporçoes semelhantes.

'É uma dose diária de veneno', afirma o Deputado Carlos Minc, presidente da Comissao de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), citando como exemplo o derramamento de 200 litros de óleo, cuja mancha foi localizada por acaso na quarta-feira e se espalhou por uma extensao de 700 metros, a partir do Armazém 7 do Cais do Porto. 'Esses vazamentos, embora pareçam pequenos, sao freqüentes e têm efeitos de grandes acidentes', avalia Elmo da Silva Amador, geólogo e especialista em gestao ambiental e integrante do Movimento Baía Viva e da Assembléia Permanente de Meio Ambiente do Estado do Rio (Apedema).

Os navios, considerados fontes móveis de poluiçao, provocam a maioria dos vazamentos por falhas operacionais, durante o abastecimento das embarcaçoes e lavagem dos tanques. Os mesmos problemas sao verificados nos terminais, que usam equipamentos para reaproveitamento do óleo refinado e deixam vazar resíduos do produto. Segundo as entidades públicas de controle ambiental e os ambientalistas, a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) é responsável por cerca de 20% da poluiçao industrial na Baía, enquanto 55 indústrias e outras fontes menores completam o quadro de sujeira.

'O pior é que nao existe um balanço da extensao dos danos. Está faltando uma avaliaçao técnica independente para que haja mais transparência diante da sociedade sobre os verdadeiros estragos', critica Amador. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e a Fundaçao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), as metas de adequaçao das empresas estao previstas no Programa de Despoluiçao da Baía de Guanabara (PDGB) e no Termo de Ajuste de Conduta (TAC).

'Estamos intensificando as açoes de controle sobre essas fontes poluidoras. Elas serao submetidas a uma auditoria ambiental e terao um prazo para cumprir as exigências, sob pena de os responsáveis serem enquadrados na Lei de Crimes Ambientais. Quem polui comete um crime e pode ser preso', diz o presidente da Feema, Axel Grael. Mas quem percorre alguns trechos da Baía constata um cenário de degradaçao progressiva. 'Existe um impacto retardado que afeta o meio ambiente ao longo do tempo', explica Amador.

O quadro pode ser observado na corrosao da sucata dos navios abandonados, nos resíduos de material químico ou restos de produtos das metalúrgicas e outras indústrias que operam no entorno da Baía, além dos estaleiros desativados da Ilha da Conceiçao, no esgoto em grande quantidade lançado in natura aterrando as margens da baía, no lodo misturado ao óleo que os pescadores trazem diariamente na rede de pesca e no comprometimento dos manguezais nas praias de fundo da Baía - Anil, Mauá, Ipiranga, Olaria e Limao - e nas ilhas de Paquetá e Brocoió.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;