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A novela inacabada de Janete Clair
Gabriela Germano
Da TV Press
16/02/2009 | 06:02
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Em 17 de fevereiro de 1984, a novela Eu Prometo chegava ao fim depois de enfrentar complicações dentro e fora da ficção. Com uma temática política - Francisco Cuoco era o deputado Lucas Cantomaia, protagonista da história - a trama teve problemas com a censura e perdeu sua autora Janete Clair no meio do caminho. Ela morreu em 16 de novembro de 1983, antes que seu folhetim completasse dois meses no ar. Dennis Carvalho, diretor da produção, se recorda da reação da equipe com a notícia da autora. "Quando Janete morreu, foi uma comoção geral no elenco. Depois tive a felicidade de encontrar a Glória Perez e juntos conseguimos terminar essa obra inacabada", recorda Dennis.

Com Eu Prometo a Globo tentava retomar o horário das 22h, já que o último folhetim exibido no horário tinha sido Sinal de Alerta, em 1978. Justamente por causa da doença de Janete, os capítulos eram mais curtos e exibidos apenas de segunda a sexta. Quem rivalizava com o correto e idealista deputado interpretado por Cuoco era o deputado Horácio Ragner, vivido por Walmor Chagas. "A trajetória política desses personagens teve de ser abordada com muita superficialidade, pois estávamos em pleno final da ditadura e da censura no Brasil", destaca Dennis Carvalho.

Apesar de todos os desdobramentos que seu personagem causou, Walmor diz que se lembra mesmo é da mudança de visual a que foi submetido para interpretar o papel. "Tive de pintar o cabelo de preto", lembra o veterano de cabelos branquíssimos.

Já para Fúlvio Stefanini as lembranças ainda estão frescas na memória. Ele era o assessor político Joca, que fazia de tudo para colaborar com a ascensão política de Lucas Cantomaia.

"A novela sofria mudanças e penávamos bastante. Eram inacreditáveis os obstáculos que colocavam. A morte de Janete também foi traumática, mas Glória pegou o bonde e conseguiu levar", conta Fúlvio.

Glória Perez era colaboradora de Janete Clair, que já lutava contra um câncer no intestino antes de Eu Prometo estrear. Com a morte da mestra, a então novata assumiu a autoria da novela sob a supervisão de Dias Gomes. Mas os problemas com a baixa audiência começaram a acontecer.

Atualmente com Caminho das Índias no ar, Glória também enfrenta crises com o ibope baixo - a média gira em torno de 34 pontos - e preferiu não colaborar com a matéria, ocupada com o desenvolvimento dos capítulos de sua novela das nove.

Como as tramas de fundo político tinham empecilhos para serem levadas à frente, o romance do deputado Lucas Cantomaia com a amante Kelly, de Reneé de Vielmond, ganhou força no decorrer da história.

O caso extraconjugal fez o político repensar sua carreira política, já que até então ele tinha uma preocupação com sua imagem de pai e marido exemplar, que tinha como esposa a discreta Darlene, de Dina Sfat.

Personagens polêmicos também ganharam força. Como a alcoólatra Deise, de Fernanda Torres, uma das filhas do deputado, e o bandido Justo Dinard, de Marcos Paulo, irmão do político. "Eu era o ovelha negra da família. Foi um personagem polêmico porque hoje é comum mostrar bandidagem em novela, mas naquela época não era", valoriza Marcos Paulo. O ator diz que aprendeu a lidar com armas para fazer o personagem. "Eu já começava a novela fugindo da cadeia", relembra Marcos Paulo, com satisfação.




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