Um dos elementos mais importantes de qualquer campanha eleitoral é a pesquisa de opinião de voto. Embora todos conheçam os resultados dos levantamentos, a forma como eles são elaborados é algo que permanece misterioso para grande parte das pessoas.
Como é formada a margem de erro das pesquisas? Por que eu nunca conheci alguém que foi entrevistado? Quais as diferenças entre uma pesquisa municipal e outra nacional? Para responder a essas dúvidas, o Diário OnLine entrevistou Márcia Cavallari, diretora-executiva de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência.
A especialista comenta que as decisões de voto estão saindo cada vez mais próximas ao dia de votação, na comparação com eleições anteriores. Isso se deve ao fato de que a população espera obter um maior número de informações antes de fazer sua escolha de candidato.
Leia abaixo as respostas de Márcia Cavallari.
Diário OnLine: Qual o modelo mais utilizado nas pesquisas de opinião de voto?
Márcia Cavallari: Trata-se do modelo de amostragem, no qual é selecionada uma amostra por conglomerados (grupos) da população. Em um primeiro estágio, são escolhidos os setores para entrevista. A segunda etapa abrange a seleção dos entrevistados, que devem atingir cotas de sexo, idade, instrução e grau de atividade, de forma a refletir o total da população.
Há dois modelos de pesquisa: pesquisa por ponto de fluxo (no qual as pessoas são entrevistadas em um local específico) e pesquisa domiciliar. O Ibope utiliza o último método. Não há um método melhor do que o outro; trata-se apenas de uma decisão estratégica do instituto.
Por que as pessoas têm a impressão de que nunca serão ouvidas para uma pesquisa eleitoral?
Por que a probabilidade de ser entrevistado é muito pequena. Há casos em que a chance é de 500 para 2 milhões de pessoas.
Qual a quantidade mínima de pessoas a ser entrevistadas?
O número mais baixo de pessoas integrantes de uma amostra é de 300. Este número determina uma margem de erro de seis pontos percentuais, que é considerado o limite aceitável.
O que significa a margem de erro de uma pesquisa?
Um exemplo: pesquisa que indica 40% de popularidade, com uma margem de erro de dois pontos percentuais. Isso significa que, caso os resultados fossem feitos em todas as pessoas da população, como um censo, o resultado encontrado no grupo seria de 38% a 42%.
Quais as diferenças entre uma pesquisa presidencial e uma pesquisa municipal?
A metodologia utilizada é a mesma. O que difere é a decisão do eleitor, que passa por questões diferentes, mais ligadas ao dia-a-dia. Além disso, as informações na cidade circulam mais rapidamente, o que faz mudanças na decisão de voto circularem com maior agilidade.
Como é feito o controle das pesquisas eleitorais?
Em ao menos 20% dos casos, o trabalho do entrevistador é verificado. Isso pode ser feito de várias formas: o verificador pode ir junto ao local da entrevista, fazer uma entrevista na seqüência, logo após o levantamento, ou por meio de uma entrevista por telefone.
Existe um erro, chamado erro amostral, que é um erro associado à pesquisa, ou seja, toda pesquisa tem um erro que deriva do fato de que ela não é feita com todo o conjunto da população, como um censo. Existe ainda o erro não-amostral.
Quais são as principais fontes de erro não-amostral?
Dados oficiais desatualizados, entrevistador mal-treinado, ordem das perguntas no questionário, questões que os entrevistados não entendem e recusa dos entrevistados em responder à pesquisa.
Como os entrevistadores recebem a equipe do Ibope?
Normalmente o entrevistador é bem acolhido. Além disso, ele porta identificação, deixa um telefone de contato para a pessoa checar se a pesquisa é mesmo feita pelo Ibope, recebem garantia de anonimato, entre outros controles. Como muitas pessoas têm a impressão de que nunca são ouvidas, quando recebem o contato, algumas ficam contentes em receber o entrevistador.
Como é feita a abordagem de pessoas que moram em prédios e locais de difícil acesso?
Caso o setor censitário tenha decidido aquele prédio, o entrevistador irá abordar as pessoas que moram naquele local. Em alguns casos, em edifícios de alto padrão, é necessário agendar previamente a entrevista por telefone.
Em favelas, muitas vezes é feito um acordo com o líder comunitário para permitir o acesso dos pesquisadores. Outra técnica é abordar as pessoas na entrada e na saída da comunidade.
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