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Robert Plant volta bem e em boa companhia
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
27/06/2005 | 08:04
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Envelhecer com dignidade no mundo da música, sobretudo quando se trata de um artista que viveu o auge da fama abusando do estilo "viva rápido, morra jovem", não é tarefa das mais fáceis. Passado um tempo, é comum que o astro vire uma caricatura bizarra de si mesmo ou, pior, tente adotar fórmulas moderninhas que, no fim, soam ridículas.

Pois bem, com Mighty Rearranger (Sanctuary Records, R$ 30, em média), depois de um hiato de três anos após o lançamento do premiado Dreamland, o cantor Robert Plant prova que, definitivamente, não incorre em nenhum destes equívocos. Acompanhado pela poderosa banda Strange Sensation, o ex-vocalista do Led Zeppelin deixa claro que não quer nem saber de nostalgia e produz uma dúzia de canções inspiradas e pulsantes que remetem às melhores performances do grupo liderado por ele, ao lado do guitarrista Jimmy Page, na década de 70. Talvez seja sintomático o fato do cantor não ter aparecido na entrega do prêmio pelo conjunto da obra, na edição deste ano do Grammy, ao lado do antigo parceiro.

Da batida tribal de Another There, que abre o disco, à última faixa, o mantra eletrônico Brother Ray, a bolacha exala vitalidade e frescor, aliado à experiência de quem escreveu uma das histórias mais interessantes do rock. Fredom Fries, um dos destaques do disco, remete ao Led do começo da carreira, de 1969, com riff musculoso de guitarra marcando a melodia. A balada All the Kings Horses também evoca o passado, mais precisamente a fase de experimentações acústicas do zeppelin de chumbo, com a utilização de afinações abertas, característica marcante de Page. E as comparações param por aí.

O e-bow (equipamento utilizado próximo às cordas da guitarra que modula a freqüência do som) dá um jeitão psicodélico ao hit instantâneo Shine It All Around, que, de tão sintonizado com a música atual, parece ter sido composto por uma destas bandas representantes do novo rock inglês. A rapaziada que acompanha Plant ajuda bastante, tocando diversos instrumentos e alternando funções.

Composto por John Baggot (teclados, programação eletrônica, Baixo Moog), Clive Dreamer (bateria), Justin Adams (guitarra, lap steel e baixo), Skin Tyson (violões, guitarras e lap steel) e Billy Fuller, recém-integrado ao time, o Strange Sensation garante ao vocalista a base necessária para que ele percorra caminhos mais desafiadores. Outros bons momentos desta feliz dobradinha entre o veterano e a banda também podem ser conferidos em Dancing in Heaven, Tin Pan Valley e em Somebody Knocking, baseada em instrumentação oriental.




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