O poeta espanhol Federico García Lorca (1898-1936) ganha sensível homenagem da Cia. Hotel Green Garden, a partir de hoje, na Praça das Guinas, na Capital, com o espetáculo "Os Cantos do Hotel".

A encenação das performances, sete monólogos baseados na série "Poemas de Nova York", escrita por Lorca em 1929, acontece onde fica a estátua homenageando o poeta, feita pelo arquiteto e escultor Flávio de Carvalho.

"A performance tem um objetivo concreto, que é a restauração da escultura, que está abandonada. Decidimos ocupar esse espaço de forma lúdica, com esculturas vivas compondo ao lado da estátua, que é um patrimônio nosso", conta Ivan de Feijó, diretor da Cia. e do espetáculo.

Os poemas escolhidos são "Cidade Sem Sonho", "Ode ao Rei do Harlem", "Fábula e Roda dos Três Amigos", "Lua e Panorama dos Insetos", "Morte", "A Menina Afogada no Poço" e "Panorama Cego de Nova York".

"São poemas extremamente atuais, que falam da falência das relações humanas, determinadas pelo modo urbano, capitalista de viver. Cada poema é um determinado arquétipo, que traz faces do homem moderno."

O processo serve de estudo para uma peça teatral reservada para o próximo semestre, Assim que "Passarem Cinco Anos", peça teatral de Lorca. "Trata de solidão, tempo e memória", adianta Feijó.

O tipo de narrativa selecionada para a encenação, a física e emocional, já justifica o processo de identificação do grupo com a sensibilidade poética de Lorca. "É físico porque é extremamente teatral, está ligado ao corpo como ponto de partida da cênica. Emocional, porque amarra intuições simbólicas que os atores têm no diálogo com esses poemas."

Os Cantos do Hotel - Teatro. Na Praça das Guianas (altura do nº 3.952 da Av. Nove de Julho), São Paulo. Sáb., às 20h; e dom., às 19h. Grátis. Até 25 de abril.