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Clubes tentam driblar
a falta de estrutura
Por Thiago Silva
Do Diário do Grande ABC
09/05/2011 | 07:21
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Depois do pífio desempenho do São Bernardo Futebol Clube na Série A-1 do Campeonato Paulista, a cidade agora torce para EC São Bernardo e Palestra, que representam o município na Segunda Divisão do Estadual. Porém, ambas as agremiações, com mais de sete décadas de história, estão longe de ter a estrutura e o apoio que aquela recebe da Prefeitura, e enfrentam difíceis desafios para realizar os treinamentos.

O grande problema é falta de locais na cidade. A Prefeitura disponibiliza o Baetão somente duas vezes por semana para cada clube, sempre das 18h às 20h. Durante o dia, o estádio é reservado para as categorias de base do Tigre. Alguns campos, de terra e longe do ideal para os treinamentos, também são liberados para os times.

A situação mais precária é do EC São Bernardo. O técnico Júlio Passareli consegue comandar somente um coletivo por semana no Baetão. Os outros treinamentos com bola acontecem em campo de terra, normalmente no bairro do DER, em horário nada recomendado para atividades físicas: das 11h às 13h, porque de manhã e à tarde o local é utilizado para escolinhas de futebol da cidade.

No fim dos treinos de semana passada, os jogadores ainda precisam aplainar o campo do DER com o rastelo, ferramenta para retirar acúmulos de terra. "Quem corre atrás de um sonho tem de passar por isso mesmo. Faço sem nenhum problema", disse o atacante Carlos Henrique, que deixou o campo em boas condições para a garotada da escolinha. O time também utiliza o ginásio do Baetão para realizar trabalhos na academia.

Sem espaço adequado em São Bernardo, o Palestra vai a Santo André alguns dias. Normalmente, no início da semana, o elenco faz trabalhos físicos no Parque Central, que tem bom espaço de corrida, além de contar com pequeno campo para trabalhos com os goleiros. Em outros dias, o clube treina no campo do Seci, no Parque Capuava. Todos esses espaços foram conquistados graças aos contatos da diretoria e também do técnico Lombardi Júnior. "Não adianta ficar lamentando porque aquilo que nós não temos. Quando cheguei, já sabia que a situação era essa. Vamos buscar opções e estamos conseguindo", destacou o treinador.

Para os jogadores de ambas as equipes, o rendimento dos times poderiam ser maior caso tivessem melhores condições de treinamento. "Nos ajudaria muito se o campo não fosse de terra, mas não adianta reclamar. Temos de nos superar até porque outras equipes têm campos piores", destacou o goleiro Jeferson, do EC São Bernardo. "Claro que se tivesse local apropriado para treinar seria melhor para o nosso desempenho. Mas temos de treinar com que temos", emendou o meia Marco Brito, do Palestra.

 

Ferrarezi promete investimentos para os clubes

 

O Secretário de Esportes e Lazer de São Bernardo, José Luiz Ferrarezi, reiterou que a cidade não comporta três clubes, mas que o governo está investindo para fornecer melhores condições para os dois clubes da Segunda Divisão do Campeonato Paulista.

"Vamos inaugurar o campo do Lavínia, de grama sintética, e conseguir atender melhor nossas demandas. Creio que vamos avançar, porém, temos o Baetão hoje e está no nosso limite", afirmou Ferrarezi, que, no entanto, pediu contrapartida dos clubes. "Precisa ser parceria. Se eles quiserem pensar em uma relação têm que contribuir com a cidade. O São Bernardo (Futebol Clube) contribui com as escolinhas, além da manutenção do gramado do estádio 1º de Maio", completou.

SEM REFORMAS

O secretário também aproveitou que o estádio não terá sua capacidade aumentada - hoje cabem 15.500 torcedores. "Para fechar o anel, precisamos ter parcerias, do governo federal ou da iniciativa privada. Para a Copa Paulista e a Série A2 (em 2012) o estádio está bom", garantiu.

 

 

Dirigentes evitam confrontar com Prefeitura

 

Apesar dos poucos espaços para treinar, os dirigentes de ambos os clubes de São bernardo preferiram não reclamar da Prefeitura. Segundo eles, o governo municipal não tem como atender todos as agremiações.

"Procuro entender as dificuldades da Prefeitura.existem várias equipes, não apenas do futebol, então é complicado nos ajudar igualmente", destacou o diretor de futebol do Palestra, Flávio Alves. "Procuramos trabalhar sem ter dependências com a Prefeitura. Vamos atrás do que precisamos porque eu não tenho direito de ficar parado reclamando", completou o dirigente.

O diretor de futebol do EC São Bernardo, Valdemar Loureiro, minimizou o fato de poucos locais para treinamentos. "Essa semana deu para aprontar o time tranquilo. Treinamos ao menos três vezes por semana, além do trabalho na academia no ginásio do Baetão. O Palestra, por exemplo, fez uma semana de pré-temporada em Caraguatatuba e nós ganhamos deles na primeira rodada. Então, acho que nossa preparação está boa. A Prefeitura consegue nos ajudar no que é possível", justificou o dirigente.

As declarações, no entanto, parecem para evitar briga com o governo municipal e perder o pouco que os clubes possuem. Na semana passada, o técnico Júlio Passareli criticou a Prefeitura por dar preferência ao São Bernardo Futebol Clube. Porém, um dia depois, ele voltou atrás e disse que errou ao dar as declarações. OUTROS PROBLEMAS

Além dos locais de treinamentos, a reportagem do Diário constatou precariedade no tratamento de lesões, além de uniformes rasgados.

Segundo Valdemar Loureiro, a culpa é dos próprios jogadores. "É tudo preguiça. Temos todos os materiais necessários, mas, como fica no alojamento e eles vêm direto de casa, acabam não pegando", explicou.




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