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Emoção em voo com 220 crianças
Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
10/04/2011 | 07:00
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Edmilson Magalhães/DGABC


Atenção queridos meninos e meninas: o avião da alegria já vai decolar. Todos apertem os cintos e aproveitem. Assim uma comissária de bordo fantasiada de fadinha anunciou viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro na manhã de ontem

O jumbo 747 da British Airways partiu com quase 400 pessoas a bordo, entre elas, 220 crianças, que foram escolhidas para participar do projeto Crianças nas Nuvens. A iniciativa da companhia britânica tem o objetivo de proporcionar a primeira viagem de avião para crianças carentes e com necessidades especiais. Foram escolhidas oito entidades da Grande São Paulo, duas da região.

O avião sobrevoou a cidade carioca ensolarada e voltou 1h10 depois com passageiros cheios de histórias para contar. "Foi melhor do que imaginava. Adorei ver como a cidade fica pequenininha lá embaixo", contou Jacieli França, 16 anos, da Casa Ronald McDonald, de Santo André. Já Paloma Santana, 13, ficou impressionada com o tamanho das turbinas. "Ainda bem que é grande, senão não voa", concluiu a menina.

Olhos antentos e curiosos acompanharam os passageiros mirins durante toda a viagem. Alguns ficaram emocionados. "Dá frio na barriga, mas vale a pena. A vista é maravilhosa", disse Denise Silva, 12, da Instituição Assistencial e Educacional Amélia Rodrigues, de Santo André. Esta também foi a primeira vez do professor da entidade, Edgar Rosa. "É bom aproveitar a oportunidade ao lado deles."

A 12 mil metros de altura e velocidade de 500 km/h, passageiros, tripulação e palhaços, convidados a alegrar ainda mais o dia, se misturaram e dividiram impressões. O voo foi uma festa - com direito a palmas e coro de ‘Bota para voar' do começo ao fim - e sem distinção de classes. Todos puderam passear da área econômica até a primeira classe na hora que sentissem vontade.

Amanda Rocha, 14, da Casa Ronald, comemorou o aniversário em grande estilo: admirou o Rio de Janeiro direto da classe mais chique do jumbo. "Estou feliz e consegui me distrair bastante. Todo mundo foi muito legal comigo", contou a garota, que amputou uma perna por causa de um câncer.

Além da chance de voar pela primeira vez, muitos aproveitaram a viagem de ontem para deixar a rotina dura e dolorosa de tratamento um pouco de lado. "Lazer e diversão são muito importantes para ajudá-los no processo de melhora. Diminui a ansiedade e os faz sentir menos diferentes do que os outros", explicou a assistente social da Casa Ronald, Janete Regina Gomes.

Guilherme Melo, 12, foi conhecer a cabine do piloto e fotografou tudo. "Nunca imaginei que tinha tanto botão. Deve ter sido difícil decorar todos." O menino deu show de esperteza e coragem.

 

Solidariedade é combustível para trabalho voluntário

 

O jumbo 747 da British Airways só decolou e fez tanto sucesso por causa da solidariedade. Todo o projeto é fruto de doações - do trabalho dos funcionários até o combustível da aeronave. "Trata-se de uma iniciativa da tripulação. O primeiro foi há 10 anos. Agora que o voo é direto de São Paulo a Londres, queremos fazer sempre, porque sobra tempo extra na escala", disse Daniela Bertollini, executiva de marketing.

A comissária Rosana Duarte fez questão de aproveitar a chance de participar do projeto. "Ao mesmo tempo que temos de agir com toda a segurança, nos divertimos muito brincando com as crianças. É um voo diferente, especial", avaliou. A mesma opinião de Mauro Pires, o palhaço Piloto Catarino, da Esquadrilha da Risada. "Trabalhamos com a emoção das pessoas e é muito bom poder estar aqui hoje (ontem)", disse.

O piloto ‘de verdade' do jumbo, o inglês Daniel Jaffe, não conseguiu conter a emoção quando recebeu a visita das crianças. "É ótimo saber que vou fazer a alegria de tanta gente. Não dá para explicar o quanto isso é especial", disse o comandante, que passou um recado após o pouso e o fim da viagem. "Que essa experiência seja inesquecível na vida de vocês."




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