Cultura & Lazer Titulo Cinema
Para pensar
sobre sétima arte

Legado ao crítico, ensaísta e também diretor Jairo Ferreira
ganha mostra no Centro Cultural Banco do Brasil, em SP

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
30/01/2012 | 07:52
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Mais do que crítico, Jairo Ferreira (1945-2003) era considerado um pensador da sétima arte (não à toa, ele dá nome ao cineclube do Espaço Cultural Cidadão do Mundo, em São Caetano). A partir de quarta-feira, (dia 1º) o Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, dedica mostra ao ensaísta paulistano, que também se aventurou como diretor. Com curadoria de Renato Coelho, Jairo Ferreira - Cinema de Invenção vai até o dia 12.

O ciclo se baseia em duas frentes: alguns grandes filmes sobre os quais Jairo escreveu e também os títulos que realizou. Em conjunto, os filmes representam grande oportunidade para os pesquisadores da linguagem ou para quem é simplesmente maluco por cinema e quer ver alguns clássicos ‘marginais' em tela grande.

Entre os mais emblemáticos, está Limite (1931), primeiro e único filme assinado por Mario Peixoto (1908-1992). Além de marco experimental na produção audiovisual brasileira, o filme silencioso tornou-se, nas décadas seguintes à sua rodagem, uma verdadeira lenda.

A única cópia ficou desaparecida até os anos 1970 e muitas histórias, criadas pelo próprio Peixoto, fizeram crescer uma espécie de ‘magia' no entorno da produção. Entre elas, um texto atribuído ao cineasta russo Serguei Eisenstein (O Encouraçado Potenkim) que elogiava o filme. Pouco antes de sua morte, Mario Peixoto admitiu ter escrito a crítica extremamente elogiosa.

Entre obras de cineastas como Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach, Neville d'Almeida, Ivan Cardoso, Ozualdo Candeias, Walter Hugo Khouri, João Batista de Andrade, Walter Lima Jr, Luiz Rosemberg Filho, Débora Waldman, Paolo Gregori, Christian Saghaard, Carlos Botosso, Marcelo Toledo e José ‘Zé do Caixão' Mojica Marins, o curador conseguiu cópia de Sagrada Família (1970), de Sylvio Lanna. Uma raridade.

O diretor, montador e produtor andreense Paulo Sacramento (que despontou com o documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro, de 2004), também passou pelo crivo de Jairo Ferreira e garante presença na mostra. Sua impressionante estreia, Ave (1992), será exibido entre a seleção de curtas-metragens.

PRODUÇÃO PRÓPRIA - Assinados pelo próprio Jairo Ferreira, serão exibidos os longas O Vampiro da Cinemateca (1977) e O Insigne-ficante (1980). Serão exibidos ainda o média-metragem Horror Palace Hotel (1978) e os curtas O Guru e os Guris (1972), Ecos Caóticos (1975), O Ataque das Araras (1975), Antes que Eu Me Esqueça (1977), Nem Verdade Nem Mentira (1979) e Metamorfose Ambulante - As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Toth (1993).

DEBATES - A mostra também reserva espaço para discutir a obra e influência de Jairo Ferreira na produção cinematográfica brasileira.

Na sexta-feira (dia 3), os professores de cinema Alessandro Gamo (também organizador de coletânea de críticas assinadas por Ferreira) e Arthur Autran, com a mediação do curador Renato Coelho, participam do debate O Cinema e a Crítica de Jairo Ferreira.

No dia 9, às 19h15, também mediados por Coelho, o cineasta Carlos Reinchenbach e o crítico de cinema Inácio Araújo participam da mesa Jairo Ferreira, cinepoeta.

Jairo Ferreira - Cinema de Invenção Mostra Dia 1º a dia 12. CCBB São Paulo - Rua Álvares Penteado, 112. Ingr.: R$ 2 a R$ 4.




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