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Três cidades do Grande ABC ficam com as torneiras secas

Moradores de Santo André, São Bernardo
e Diadema sofrem com escassez do recurso

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
18/11/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Três cidades do Grande ABC sofreram com a falta d’água nos últimos dias. Moradores de Santo André, São Bernardo e Diadema tiveram problemas com o abastecimento em suas casas.

Em São Bernardo, o motivo foi o rompimento de dois canos durante obra realizada na Estrada dos Alvarenga para a construção de corredor de ônibus. Os moradores da Rua Pedro Breda, paralela ao local, sentiram as consequências.

“A água voltou agora à tarde, mas ficamos a manhã toda sem. Porém, esse não é um problema só de agora, há três dias sentimos que as torneiras estão com pressão menor”, afirmou a moradora Maria Augusta Vieira, 82 anos.

A Prefeitura reconheceu que o rompimento dos canos aconteceu por causa das obras e afirmou que o reparo foi realizado pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Conforme a Sabesp, equipe foi enviada ao local e finalizou os reparos por volta das 15h30. O abastecimento seria gradualmente restabelecido até o fim do dia.

Já em Diadema, moradores do Jardim Arco-Íris realizaram protesto pela manhã e chegaram a queimar móveis e colchões. Eles disseram estar sem água há nove dias.

De acordo com o tapeceiro e líder comunitário Marcelo José dos Santos, 43, representantes da Sabesp informaram que a constante falta de água no bairro é ocasionada pela região geográfica, mas se houvesse diálogo entre a companhia e moradores do bairro, o problema poderia ser resolvido. “Entendemos que a situação da crise é grave. Até aceitamos que exista rodízio, mas precisa existir programação. Ficar todos esses dias sem água é absurdo.”

A Sabesp informou que devido à manutenção emergencial realizada na estação elevatória de água Nações, na quinta-feira, o abastecimento na região do Jardim Arco-Íris, principalmente em locais mais altos, ficou comprometido. Uma equipe da Sabesp fez a substituição de um ramal de água que atende esses imóveis e o abastecimento seria normalizado ainda ontem. A companhia pediu desculpas à população das cidades pelo transtorno ocasionado.

 

CONSTANTE

Já em Santo André, moradores de vários bairros reclamaram da inconstância no abastecimento há meses. No Parque João Ramalho, comerciantes e moradores disseram que chegaram a ficar cinco dias sem água. Na Rua Tumiarú, onde metade das casas enfrentou torneiras secas durante todo esse tempo, as famílias tiveram que se virar. “Já organizamos até abaixo-assinado e entregamos ao Semasa. É um absurdo uma coisa assim. Estamos comprando água mineral para tomar banho e fazer a comida”, contou a moradora Maria Aidar da Silva, 67.

Para quem tem casa na parte mais alta da rua, o problema é pior porque, mesmo quando há abastecimento gradual, a água não chega. Muitos vizinhos se ajudam, compartilhando baldes e bacias. “Minha mãe é idosa, tem 85 anos e problema urinário. Temos que dar banho nela toda hora e agora, em água, o que vamos fazer?”, lamentou Silvana Zavitoski, 55.

Olivio Pereira Lima, 61, gastou oito galões durante toda a semana, ao custo total de R$ 50. Para Manuel Borges, 80, a situação é absurda e degradante. “Aí é que a gente vê que os órgãos responsáveis não sabem como lidar com isso. Até recebemos um aviso do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) que ficaríamos alguns dias sem água, mas não todo esse tempo.”

Na Vila Valparaíso, a reclamação foi de que o abastecimento foi cortado desde sexta-feira. Também houve problemas no Parque Novo Oratório, Erasmo Assunção, Jardim Rina e Jardim Alvorada.

Questionado sobre o problema, o Semasa informou que desde o início da crise hídrica, Santo André recebe 26% de água a menos do que recebia em 2014. Com o calor e aumento do consumo, a baixa vazão resulta na queda da pressão, o que aumenta a intermitência em vários pontos da cidade. “Isso ocorreu neste fim de semana, sobretudo na região abastecida pelo reservatório Erasmo (Erasmo, Rina, João Ramalho e Novo Oratório), que recebe o líquido do Sistema Rio Claro, da Sabesp. A situação na região já está normalizada”, disse a nota.

A autarquia também sitou a falta de energia no fim de semana como um dos problemas. “A carta que o Semasa enviou aos consumidores alerta sobre o rodízio, o que está em estudo e será em breve anunciado. Ressaltamos, porém, que embora democraticamente melhor porque atinge a todos, o esquema não é bom para o sistema por conta de pressão, aumento de vazamentos, entre outros aspectos.” A carta recomenda reserva de água para 48 horas, assim como a necessidade de economizar.

A Sabesp informou que a quantidade de água vendida por atacado ao município, de 1.750 litros por segundo, é suficiente para atender a população. O Semasa disse, que essa quantidade, atualmente é de 1.700 litros por segundo.

(colaborou Daniel Macário)




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