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Grande ABC é vice-líder em perda de peso no Estado de SP
Por Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
10/01/2010 | 07:20
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O Grande ABC começou o ano mais leve. O programa de reeducação alimentar Vigilantes do Peso fez com que 8.148 quilos de gordura fossem eliminados por cerca de 12 mil moradores da região no ano passado. Foi o segundo núcleo que mais emagreceu no Estado de São Paulo, pelo sistema. Os primeiros do ranking dos ex-gordinhos foram os grupos do Tatuapé com 8.429 quilos a menos, e os terceiros, são da região da Avenida Paulista, que perderam 6.796 quilos.

Quem adere ao Vigilantes não precisa se privar de doces, massas e outras tentações da culinária, e sim, dosá-las. Todos os alimentos são pontuados e cada pessoa tem licença para ingerir uma cota diária de pontos de acordo com seu peso e meta (quilos a serem eliminados). Há também um número de pontos flex que funcionam como coringa e podem ser distribuídos ao longo da semana. O associado tem de obrigatoriamente frequentar uma reunião semanal onde assiste uma palestra motivadora e enfrenta a balança.

Para a gerente do programa no Estado de São Paulo, Sonia Ventura, mais importante que a quantidade de peso perdido é como ele foi conseguido. "Vale mais a forma como se emagrece, que deve ser de maneira saudável. É preciso abrir a boca de maneira inteligente."

O programa começou nos Estados Unidos há mais de 40 anos e já se expandiu para o mundo todo. O método não prevê uso de remédios nem define tempo ideal para que a pessoa alcance a meta. Após chegar no peso ideal, a pessoa faz a manutenção e torna-se uma associada vitalícia. A partir daí, assume o compromisso de frequentar pelo menos uma reunião mensal e não ultrapassar um quilo do peso atingido. Caso contrário, como castigo, tem de voltar a pagar para participar do programa. A taxa de adesão custa R$ 45, e as reuniões, R$ 23 por semana.

Além de disciplina e força de vontade quem está disposto a emagrecer precisa de um terceiro ingrediente: paciência.

Sonia conta que o resultado nem sempre é imediato - perde-se, em média, 700 gramas por semana - e é preciso controlar a ansiedade. "Queremos dormir bruxa e acordar Xuxa. Mas não é assim, não existe milagre, existe aprendizagem e mudança de hábito."

Ano novo - Assim como as academias, as reuniões do Vigilantes do Peso costumam lotar em janeiro com pessoas dispostas a começar o ano com novo manequim.

Caso da médica Monique Margon, 28 anos, e da professora, Ana Paula da Silva Santana, 30, que participaram da primeira reunião do ano em Santo André, na quarta-feira. Ambas já utilizaram dietas milagrosas e remédios para perder peso, mas agora buscam o emagrecimento saudável.

"Engordei 25 quilos em um ano e meio por causa da morte do meu pai. Vim buscar apoio para conseguir mudar. Se eu não me cuidar vou parar em uma cirurgia bariátrica (redução de estômago) e isso eu não quero", contou Monique.

Prefeituras oferecem serviços e tratamentos
As prefeituras da região oferecem serviços e tratamentos para obesos na rede pública de Saúde.

Em Diadema há um serviço especializado na área de endocrinologia e nutrição no Quarteirão da Saúde para os casos mais críticos. Segundo a Prefeitura, após o atendimento no endocrinologista, o paciente também pode - individualmente ou em grupo - ser acompanhado por um nutricionista.

A Prefeitura de São Bernardo informou que funcionam na Vila Dayse e Jardim Ipê, ambulatórios de distúrbios nutricionais na infância que avaliam problemas nutricionais. Ainda, de acordo com a administração, a partir deste mês, as 32 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) terão uma nutricionista que indicará dietas e coordenará grupos de discussão sobre alimentação saudável.

Os moradores de São Caetano têm à disposição atendimento com endocrinologista e nutricionista. Obesos mórbidos são encaminhados ao grupo multidisciplinar de cirurgia bariátrica, onde participam de palestras explicativas sobre os riscos e benefícios da operação.

Santo André possui um ambulatório de distúrbios nutricionais que atende crianças e adolescentes, com patologias relacionadas à nutrição, inclusive com sobrepeso ou obesidade. O ambulatório funciona no Centro de Especialidades 3 - Vila Vitória e na Faculdade de Medicina do ABC. Os pacientes acompanhados no ambulatório são aqueles que já foram orientados na unidade de Saúde e não apresentaram sucesso no tratamento ou têm co-morbidades associadas, como elevação do triglicérides, colesterol, hipertensão arterial ou diabetes.

Em Ribeirão Pires, segundo a Prefeitura, os pacientes com obesidade ou sobrepeso são atendidos inicialmente nas UBSs por clínicos-gerais, e em seguida, encaminhados ao médico especialista.

Rio Grande da Serra informou que os casos de obesidade são atendidos pelas enfermeiras das UBSs, e os mórbidos, indicados para a cirurgia bariátrica.

A Prefeitura de Mauá não retornou ao pedido de informações.

Juntas, mãe e filha perdem 53 quilos
Quem olha para a secretária Renata Decieni Cappi, 31 anos, moradora de Santo André, de calça jeans, blusinha justa, com seus 63 quilos distribuídos no 1,59 metro de altura nem imagina que ela já teve 31 quilos a mais. Pudera. A Renata que pesava 94 quilos há dois anos, era retraída, tinha os cabelos mais compridos e usava óculos. A calça número 48 apertava e ela não encontrava roupas que a deixassem confortável.

Da época, só restam poucas fotografias e lembranças. Nenhuma peça do antigo guarda-roupa foi mantida. "Doei tudo", resume, como quem quer se livrar do passado.

Depois de apelar a shakes, dietas "malucas", remédios e outros processos agressivos, Renata decidiu procurar o Vigilantes do Peso por indicação de uma endocrinologista.

"Tinha asma, colesterol alto e triglicérides. Além disso, tem o preconceito das pessoas, há muita discriminação e somos deixados de lado", conta.

Os 31 quilos foram eliminados em quase dois anos de reeducação alimentar aliada às aulas de natação e um apoio que fez toda a diferença: a mãe de Renata, a dona de casa Claudete Decieni Cappi, 56, também ingressou no programa e estava disposta a emagrecer. No mesmo período que a filha, Claudete perdeu 22 quilos - tem 1,56 metro e hoje, 65 quilos.

A Gota d'água - "Onde falava que tinha um médico ou uma fórmula boa para emagrecer eu ia atrás", lembra Claudete. Ela diz que a gota d' água para que mudasse hábitos aconteceu quando foi procurar um ortopedista por causa de dores nos calcanhares. "Ele pediu que ficasse em pé, me observou e disse: ‘Olha o tamanho dos seus pés e o seu peso. Não há como aguentar! Deixei o consultório com tanta vergonha e raiva que decidi fazer algo."

Um ano após atingirem a meta - "e a manterem, com louvor!" - mãe e filha contam que a rotina da casa mudou. Cada refeição é um ritual com mesa posta, pratos, talheres e toalha. Tudo arrumadinho. Não tem mais essa de comer rápido, em frente da televisão. As frituras foram eliminadas do cardápio e deram espaço aos assados e grelhados. As sobremesas também têm vez. Mas tudo em pequenas quantidades. Um tablete de chocolate, por exemplo, é dividido entre as duas e dura dois dias. Para que o sabor dure mais, o pedacinho de chocolate não é mordido, vai se diluindo aos poucos com saliva. Elas garantem que nada é feito com sofrimento. Pelo contrário: mastigar devagar deixou as refeições muito mais saborosas.

Fórmula do programa é aprovada por endocrinologista
A reeducação alimentar e o emagrecimento gradativo propostos pelo Vigilantes do Peso é uma fórmula vista de maneira positiva pela endocrinologista e metabologista Keila Paranaíba Pinheiro. Para Keila, é possível emagrecer comendo bem e de forma prazerosa. Ela também aponta os encontros semanais como ponto positivo. "O obeso precisa sempre de estímulo. Se pudesse veria meus pacientes semanalmente. Mas nem sempre é viável."




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